Carlos Arnaldo Ortiz de Carvalho, irmão de Pâmela Ortiz, acusada de matar uma idosa de 79 anos, no Indubrasil, em fevereiro deste ano, disse à Justiça que ela tinha histórico de mentiras e agressividade. A fala do rapaz ocorreu durante audiência de instrução e julgamento, nesta segunda-feira (6), no Fórum de Campo Grande.
A audiência reuniu testemunhas selecionadas pela defesa de Pâmela e acusação pela morte de Dirce Santoro Guimarães Lima, 79 anos . A mãe da ré foi dispensada do depoimento porque estava nervosa.
Arnaldo contou que o relacionamento da família com a acusada era somente as finais de semana, justamente por conta da personalidade dúbia dela.
''A família sempre acreditou que ela precisava fazer tratamento psiquiátrico, já que ela tinha relacionamentos marcados pelo ciúme, agressões e desavenças'', relatou o familiar.
''Ela passava dois dias bem e depois parecia que era outra pessoa'', afirmou.
Carlos disse que Pâmela telefonou para o pai e contou que estava em uma ''encrenca'', sem dar detalhes.
''Quando ela ligou para a mãe, teve a desconfiança que seria algo grave, porque ela apresentava um nervosismo exagerado'', revelou Carlos Arnaldo.
Vizinhos de Dirce revelaram que a vítima era uma pessoa frágil e que tomava remédios contra a diabetes e pressão alta e que era bastante cuidadosa ao emprestar dinheiro e cartões de crédito.
O agente de saúde Wellington Flores Caetano Fraga, que acompanhou a vida de Dirce nos últimos três anos, contou que ela não tinha familiares e que a pessoa mais próxima seria uma mulher casada com o ex-esposo dela.
Dirce teria contado ao agente de saúde que conheceu Pâmela quando ela se apresentou como ''Uber da Vovó''. Desde então passou a fazer serviços como resolver problemas com concessionárias de água e luz.
Wellington disse ter achado estranho o fato de Pâmela receber pequenas quantias de dinheiro como pagamento e pelo fato dela se importar mais com a idosa do que com a própria família, inclusive um filho deficiente.
Ainda segundo o agente de saúde, Dirce chegou a reclamar que o cartão de crédito dela estaria sendo usado em grandes redes de lanchonetes. Ele teria alertado a idosa a procurar o banco, mas não teria dado ouvidos a ele.
Wellngton disse que ficou sabendo do sumiço de Dirce no sábado, por meio de vizinhos. E que naquele dia pegaram a câmera de segurança da rua e levaram à delegacia, onde ficou constatado que a última pessoa a ter contato com ela foi Pâmela.
''A forma com que Pâmela conversava enganava as pessoas'', disse o profissional.
Pâmela teria personalidade dúbia, diz irmão. (Foto: Wesley Ortiz)
Conturbado
Investigador da Polícia Civil, que teve um relacionamento amoroso com Pâmela, em 2015, quando ela estagiou na Delegacia de Roubos e Furtos, em Campo Grande, também depôs na audiência e disse que foi procurado por ela horas após o crime.
Ainda conforme o policial, Pâmela, que tem uma taguagem como o nome dele nas costas, o chamou até um hotel na região da Julio de Castilho e relatou que no dia do assassinato, estava levando dinheiro no carro e que teria sido abordada por assaltante em uma moto. Ela teria pego uma machadinha e atingido o suspeito, mas ''sem querer'' acabou acertando a idosa.
''Aí ela saiu desesperada, com medo'', disse o investigador. Ele decidiu ir embora do local ao lembrar do histórico de Pâmela.
''Ela era possessiva, descontrolada, tinha dívidas e me agredia'', revelou o servidor público.
O depoimento de Pâmela deve ocorrer no dia 17 de junho, às 14h15, em Campo Grande.
O crime
Dirce Santoro Guimarães Lima, 79 anos, foi assassinada com requintes de crueldade pela suspeita, Pâmela Ortiz de Carvalho, 36 anos, que confessou ter batido a cabeça da idosa diversas vezes em um meio-fio. A mulher só parou quando o rosto da vítima já estava desfigurado. O crime aconteceu no dia 23 de fevereiro, no entanto, o corpo da idosa só foi encontrado no dia 25.
De acordo com a polícia, Dirce era baixa, franzina e, devido à avançada idade, não conseguiu se defender da suposta assassina, que é 42 anos mais jovem.
A princípio, Pâmela negou ter cometido o crime, mas após ser questionada pelos investigadores, confessou que matou a vítima por uma dívida que teria realizado escondido no cartão de crédito da idosa, de mil reais.