Há pelo menos seis meses, pacientes que tomam insulina, medicamento conquistado por meio judicial, em Campo Grande, não têm acesso ao remédio que controla o diabetes, doença que mata mais que o câncer e Aids juntos. Setenta e duas mil pessoas morrem por ano no Brasil vítimas da enfermidade.
O remédio deve ser distribuído pela prefeitura da cidade, de graça, aos pacientes que vão à Justiça e obtêm êxito em seus recursos.
“Peço encarecidamente que nos ajude, a saber, o que está acontecendo com a compra das medicações fornecidas via judicial. Há mais de seis meses estamos sem medicamentos de uso contínuo, vamos lá todos os meses, ligamos e os funcionários alegam que está em processo de compra e isso nunca acaba é um total desrespeito com a sociedade que mais precisa”, é o apelo da paciente campo-grandense Cristiane Corrêa.
Cristiane disse que, por meio judicial, conseguiu medicamentos, como a insulina, para se defender do diabetes e outros remédios que toma para combater à depressão.
A paciente revelou ter ido com frequência ao CEM (Centro Especializado Municipal), onde o medicamento é fornecido, mas não consegue levá-lo para a casa.
Ela afirmou que há uma década toma a insulina, e uns três anos, remédios para a depressão.
“Não só eu tenho sido prejudicada, vejo outros pacientes atrás de medicação que também não conseguem. Lá, falta também fralda e outros remédios”, protesta Cristiane.
VERSÃO DA PREFEITURA
A assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Grande, por nota, sustenta que o município está tentando comprar o medicamento por meio de licitações, mas as empresas que atuam no setor têm se recusado a participar das concorrências propostas.
Diz o comunicado da prefeitura:
“O fornecimento de insulina regular está sendo feito normalmente nas unidades de saúde do município, atendendo mais de 50 mil pacientes. Já as insulinas especiais, como a Lantus, por exemplo, são fornecidas somente por decisão judicial, uma vez que não fazem parte da lista do SUS. Por se tratar de atendimento a demandas individuais, cada processo tem um tempo pré-definido para aquisição e fornecimento e em sua maioria são compartilhados com o Governo do Estado. Portanto, tal queixa não se aplica ao contexto geral”.
Segue a nota da prefeitura: “para evitar que faltas pontuais ocorressem, a Sesau, secretaria municipal de Saúde, iniciou processo de aquisição, em julho do ano passado, porém a licitação foi fracassada por desinteresse das empresas”.
Ainda segundo o comunicado: “no fim do ano, foi determinada a compra emergencial, para que os pacientes não ficassem desassistidos e esse processo está em andamento, aguardando devolutiva da empresa que deve apresentar os preços. Em relação à fralda, todos os pacientes com processo em andamento estão sendo atendidos”.