Pelo menos 40 pessoas acusam o empresário Ulisses Alves Pereira por golpes nas áreas de eventos de formaturas e criptomoeda, como o bitcoin, em Campo Grande. Só uma das vítimas diz ter perdido R$ 80 mil. No entanto, apesar de diversos processos, a Justiça ainda não encontrou o paradeiro do suspeito.
A denúncia de clientes vem desde 2016. Conforme as ações judiciais, Ulisses e uma sócia tinham a ''Resultado Formatura'', empresa que organizava os bailes de gala para várias turmas de diversas universidades na Capital.
Porém, diz a denúncia, os serviços, quando não eram prestados, eram feitos de maneira bem diferente do prometido. Uma formanda em educação física disse à Justiça ter feito rifas e eventos para pagar os R$ 4 mil cobrados por Ulisses. Ao saber que o empresário estava devendo para outros formandos e até para funcionários, ela questionou o organizador.
Diz ainda a vítima, que Ulisses não lhe deu respostas concretas e quando foi comprar algo no comércio, viu que seu nome estava negativado. Ao procurá-lo, soube que a empresa dele tinha encerrado as atividades. Ela ficou sem o dinheiro e a festa.
Ulisses com a camisa da empresa que promovia festas de formatura. (Foto: Reprodução Instagram)
O advogado de uma das vítimas do Golpe da Formatura, destacou no processo que 27 funcionários de Ulisses o cobram pelos salários atrasados.
Moeda virtual, golpe real
Em março de 2018, Ulisses e mais dois sócios abriram a Genesis Corporations Serviços Digitais LTDA, cuja sede ficava na Vila Bandeirantes, na Capital. A empresa comprava e vendia bitcoins, a moeda virtual mais conhecida e usada no planeta e hoje super valorizada. Na terça-feira (28), um bitcoin estava cotado a R$ 34 mil.
Segundo um dos sócios, que não quis se identificar e aqui será chamado de ''Augusto'', tudo ia bem até outubro, quando descobriu que Ulisses pegou o dinheiro dos investimentos e foi para a Suíça.
''Tive de vender bens pessoais para honrar os compromissos com os clientes que eu havia indicado para a empresa. Perdi R$ 80 mil, mas não vou entrar na Justiça não'', explicou Augusto.
Antes de ''falir'', a empresa atraiu muitos investidores, entre eles dois jovens. Um deles aplicou R$ 14 mil e outro cerca de R$ 3 mil. Ulisses os informava que já havia rendimentos, mas parou de dar notícias em novembro de 2018.
''Nosso dinheiro já dei como sumido'', diz uma mulher que representa as duas vítimas e que preferiu o anonimato. Outro fato que também a revolta, seria a possibilidade de Ulisses abrir outra empresa em outro estado e continuar fazendo vítimas.
Um mês após falir empresa, Ulisses e esposa foram para a Europa. (Foto: Reprodução Instragram)
Bruno Silveira, o terceiro sócio, acrescentou que decidiu investir na empresa porque achou que Ulissse fosse milionário. Ele disse que tudo ia bem até o suspeito sumir com o dinheiro. Também admitiu que tirou coisas do escritório para reaver prejuízos. Silveira diz que prerara documentaçao para acionar a Justiça.
A secretária da empresa reforça a tese de golpe e diz que trabalhou na Gênesis desde o começo e não recebeu os três meses que ficou lá. Ela também não quer se identificar e diz que vários investidores procuraram a empresa para ter um parecer sobre os valores, mas Ulisses a mandava ''dispistar'' os clientes.
''Os credores vinha cobrar e eu não sabia o que falava. Teve uma hora que ele bloqueou a conta dos investidores. Depois ele sumiu. Ele é um pilantra'', desabafa a ex-funcionária.
Resposta
O TopMídiaNews conseguiu contato apenas com a mãe de Ulisses. Ela negou os golpes e fala que o filho tem débitos com clientes e que logo vai sanar. Ela admitiu que o filho vive em Camboriú (SC) e que ainda não pode falar por conta de uma cirurgia de apêndice.
Sobre o caso da empresa de bitcoins, a mãe do suspeito atribui a falência a um dos sócios, dos quais a reportagem não conseguiu contato. Ele teria invadido a empresa e levado pertences de valor.
No entanto, o outro sócio, Augusto, informou que o colega entrou na empresa e recolheu bens justamente para quitar as dívidas com os investidores, que eram muitas.
Vida boa
Nas redes sociais, Ulisses e a esposa apresentam uma vida luxuosa, com direito à viagens para a Europa e fotos em residências de alto padrão. O sócio Augusto disse que a justificativa de Ulisses para a viagem à Suíça foi tentar recuperar os bitcoins roubados dele.
A ex-secretária citou que Ulisses tinha um carro de alto padrão e as pizzas que pedia no escritório eram de R$ 100 a R$ 120.
''Mas até a senhora da limpeza ele ficou devendo'', conclui a mulher.
*matéria alterada às 10h20 para acréscimo de informações.