Tudo preparado para a chegada de Sophia. Expectativa. Nome escolhido. Muito amor envolvido. Celeste Aparecida Louveira, 22 anos, grávida de 38 semanas e dois dias começa a sentir dores fortes na quarta-feira (26). “Será a hora?”, se pergunta. Começa a via crucis.

Celeste primeiro procura a maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande. No local, passa por consulta e recebe orientações para ir ao Hospital Regional, pois a unidade não está preparada para atender gestantes com covid-19. Ela foi diagnosticada com a doença no dia 19, teve febre alta, foi atendida em uma UPA, mas agora estava apenas com tosse.

“Faltou informação, se tivessem me avisado, eu nem passava por lá. Mas ouviram os batimentos cardíacos dela, estava 133. Voltei para casa, mas as dores continuaram e passei mal de madrugada, fiquei com medo, rompeu o tampão”, conta.

O tampão, segundo Celeste, é uma mistura e sangue e mucosa. A preparação para o parto, que estava previsto para ser normal. Com dores, a jovem mãe segue para o Regional. Lá, tem início o pesadelo.

“A médica disse ‘não está dando pra ouvir [o coração], pega outro [aparelho], está tudo velho’, responderam ‘só olha se está dilatado e já libera’. Ela fez toque e me mandou para casa. Disse: ‘pode nascer de madrugada, se tiver contração mais forte, você volta’. Eu queria ouvir meu bebê”, diz Celeste.

A grávida continuou passando mal e, sem sucesso no atendimento no Hospital Regional, seguiu para o Hospital Universitário. Lá, por volta das 22h, veio a notícia triste. Sophia não resistiu e morreu dentro da barriga da mãe.

Celeste passou a noite com o feto já sem vida e passou por curetagem na manhã de sexta-feira (28). Pai em luto, o pedreiro Marlon Augusto Silva Barrios, 27 anos, fez um vídeo desabafando sobre toda a situação:

A reportagem entrou em contato com o hospital no início da tarde deste sábado (29), mas não obteve resposta. O espaço fica aberto para posicionamento.