Dicas de segurança voltadas para mulheres que usam aplicativos como Uber e 99 POP revoltaram motoristas em Campo Grande. O alerta correu as redes sociais após uma universitária de São Paulo ser assassinada por um homem que trocou o pneu do carro dela.
O post no Facebook apresenta uma série de medidas que mulheres podem tomar para evitar sequestro, abuso sexual ou algo pior ao usar um aplicativo de caronas. Uma delas orienta a colocar o celular para despertar e fingir que é uma ligação do pai ou namorado. Isso mostraria ao pretenso criminoso que a viagem daquela pessoa estaria sendo monitorada por alguém.
Não aceitar balas ou água e enviar para alguém o nome do motorista e a placa do carro também fazem parte das medidas de segurança divulgadas. Mas uma em especial revoltou os colaboradores de aplicativos. Ela diz:
''Sentem-se no banco traseiro atrás do motorista, onde ele não tem visão de você'', diz a postagem.
Ao tomar conhecimento dessa orientação, um homem, que é administrador de um grupo de motoristas de aplicativo no Facebook, esclareceu o quanto essa postura é perigosa para os trabalhadores.
''...não seja retardado. Nunca sente atrás do motorista onde o campo de visão dele não encontre você. Isso demonstra possível assalto em andamento e podemos sim parar o carro em meio a avenida ou no meio do nada e mandar descer e sair do local em fuga, pois pode ser tratado como possível assalto ou emboscada para bandidos'', explicou o administrador.
Dica foi mal vista entre motoristas de aplicativos. (Foto: Reprodução Facebook)
O profissional se mostrou nervoso com a publicação e usou de muitos palavrões para condenar a atitude da internauta.
Postagem de outro motorista concordou com a do administrador do grupo. Ele disse que se ouvir alguém ao telefone passando dados da viagem a outra pessoa irá tomar providências.
''Se isso acontecer, tenho o maior prazer de parar na primeira delegacia... e denunciar o passageiro. Pois as informações que ele ou ela estão passando podem ser para alguma emboscada...'', publicou o internauta.
Outro membro do grupo escreveu: ''as maiores incidências e reclamações são de assaltos de passageiros aos motoristas. Não vou falar que inexistem casos que motoristas são malandros, até tem, mas são a minoria...''.
Crime
A universitária Mariana Forti Bazza, 19 anos, havia saído de uma academia em São Paulo e viu que o pneu do carro estava vazio. Ela foi abordada por um homem, que se ofereceu para trocar o pneu, pedindo que ela apenas levasse o veículo para uma chácara, do outro lado da avenida.
Horas depois de levar o suspeito até a chácara, o carro de Mariana foi encontrado vazio em uma cidade vizinha. O corpo dela foi achado pela polícia em um canavial próximo à cidade. Ela estava amarrada e amordaçada e pode ter sido estuprada.
A polícia chegou ao assassino graças também a uma foto que a universitária havia mandado do suspeito para o namorado. Ele confessou o crime.