O MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) abriu uma investigação contra a clínica da cirurgiã-dentista Iolanda Lídia Negrão, suspeita de diversas irregularidades em procedimentos estéticos, em Campo Grande. A investigação foi aberta nesta quarta-feira (22).
A investigação quer verificar se os procedimentos estéticos realizados no estabelecimento são feitos corretamente e com segurança para os consumidores.
O Ministério Público investiga se os procedimentos estéticos são invasivos e se estão sendo realizados por profissionais qualificados. Outro ponto a ser verificado é se são procedimentos permitidos pelo Conselho Federal de Odontologia.
Iolanda deve ser investigada para verificar se tem a habilitação necessária para realizar esses procedimentos. O estabelecimento também é analisado se está seguindo as normas de segurança e saúde para proteger os consumidores.
Histórico de denúncias
Como já noticiado anteriormente pelo TopMidiaNews, Iolanda enfrenta uma série de processos judiciais e relatos de pacientes que acusam a dentista de negligência e práticas ilegais. Ao menos seis pacientes já ingressaram na Justiça pedindo indenizações por danos morais e materiais.
Entre os casos, há relatos de cirurgias invasivas sem autorização, erros graves nos procedimentos e descaso no pós-operatório. Um dos processos envolve uma paciente que teria sido submetida a um lifting facial sem consentimento durante uma blefaroplastia.
Após o procedimento, surgiram complicações. A profissional teria oferecido reparos, mas a paciente teria ficado desconfiada. Segundo o parecer de um cirurgião plástico consultado posteriormente, o procedimento foi realizado de forma irregular e deveria ter ocorrido em ambiente hospitalar, com exames prévios. O custo estimado para corrigir os danos ultrapassa R$ 39 mil, relatou a paciente.
Em outro caso, uma paciente contratou a profissional para uma rinomodelação definitiva, com promessa de uso de ácido hialurônico e cartilagem natural. Contudo, após o procedimento realizado em 2021, a paciente descobriu que foi implantada uma prótese de Porex sem sua autorização.
Logo após o procedimento, a prótese teria começado a causar uma preminência pontuda no nariz e dores intensas. A paciente relatou que procurou a clínica diversas vezes, mas não recebeu atendimento adequado. Mesmo após um segundo procedimento corretivo, realizado pela própria cirurgiã-dentista, os problemas teriam persistido.
Segundo um especialista consultado pela paciente, a prótese apresentava risco de romper a pele do nariz, exigindo uma nova cirurgia corretiva. O procedimento da cirurgiã-dentista teria sido feito de forma ilegal, já que o Conselho Federal de Odontologia proíbe que dentistas realizem rinoplastias, relatou a paciente em processo judicial.
Defesa judicial
Por meio dos advogados, a dentista declarou que todas as acusações são infundadas e garantiu que os procedimentos seguem os padrões éticos e legais. "A Dra. Iolanda sempre priorizou a saúde e a segurança de seus pacientes, oferecendo um acompanhamento pós-operatório exemplar", diz trecho da nota enviada pela defesa.
A profissional também atribuiu parte dos problemas à falta de adesão dos pacientes às orientações pós-operatórias e reforçou que os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico foram previamente comunicados. "Sua clínica é equipada com tecnologia de ponta, tanto para garantir os melhores resultados quanto para tratar eventuais intercorrências com eficiência, possuindo todas as autorizações necessárias para funcionamento".
"No tocante às denúncias em curso, respeitamos o devido processo legal e temos plena confiança de que todos os fatos serão esclarecidos em sua totalidade. Por fim, reafirmamos nosso compromisso com a ética e a transparência, valores que norteiam todas as nossas ações. Estamos à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais e reforçamos nosso compromisso com a excelência no atendimento e cuidado dos pacientes", finaliza a nota.
