O Sinduscon (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul) foi o único que alertou o prefeito Campo Grande à época, Alcides Bernal (PP), sobre a possível inviabilidade do convênio com o Exército Brasileiro para recapear vias na Capital ao custo de R$ 24 milhões. Em 2016, a Caixa Econômica Federal, que aporta os recursos, autorizou liberação de R$ 19 milhões uma semana depois de reunião com o pepista. Agora, Marquinhos Trad reclama que a obra vai ficar R$ 2,1 milhões mais cara do que se fosse feita por empreiteira.
''O antigo gestor disse que ia ficar 30% mais barata a obra, e agora estamos vendo que ia ficar mais cara'', observa o presidente da entidade Amarildo Miranda de Melo. A parceria com os militares, segundo ele, foi um erro grave da administração anterior. ''Com todo respeito, a função do Exército é fazer guerra''. Ele explica que se a obra fosse tocada com as empreiteiras locais geraria emprego a quem está precisando, ao passo que, com o Exército, a prefeitura vai dar emprego a quem já tem, pois o soldado e demais militares recebem o soldo.
Outro entrave apontado pelo presidente do Sinduscom é que grande parte do maquinário usado na obra pelo Exército viria da base do CMO (Comando Militar do Oeste), que fica em Cuiabá, e ''isso encarece o serviço pois tem de trazer tudo de lá, além disso é demorado e a cidade está precisando urgente''. ''Podemos fazer mais rápido e melhor'', afirma Melo.
(Em 2016, Bernal assinou convênio com o Exército para obras de recapeamento - Foto: EB)
Segundo a prefeitura de Campo Grande, a revisão dos valores para a obra em 12 quilômetros de via também é defendida por engenheiros da Caixa Econômica Federal, porém, à época, na feitura do convênio, a instituição financeira liberou R$ 19 milhões uma semana depois de se reunir com Alcides Bernal. Na ocasião, em janeiro de 2016, não houve questionamentos e estavam presentes na reunião o então superintendente em exercício da Caixa, Márcio Nunes Fonseca, e o gerente regional, Paulo César Neves de Matos.
A prefeitura diz que técnicos já estão negociando com oficiais do Exército para rever itens do orçamento realizado pelo Exército. A nova administração quer reduzir em até 10% os chamados custos indiretos para que haja a equiparação dessas despesas (basicamente o de instalação dos canteiros de obras e depreciação de equipamentos) com os de uma empresa privada. Sem esta revisão, a obra executada pelos militares sairia 8,75% mais cara do que se fosse feita por uma empresa privada. Ao calcular economia de R$ 4,5 milhões, a gestão anterior não levou em conta tudo o que envolve a montagem do canteiro de obras, na avaliação da equipe de Marquinhos Trad (PSD).
Ainda segundo a prefeitura, na planilha das empresas, o preço final seria R$ 21,9 milhões, com R$ 2,4 milhões de custo indireto. O secretário Rudi Fiorese afirma que esta diferença é porque o Exército terá de trazer máquinas, equipamentos e até os profissionais de outras unidades (fora do Estado).