A chegada do bebê Yago foi motivo de alegria para a família Souza, mas também gerou ciúmes na hora de dividir o colo da vovó, Adriana de Souza, 47 anos, que agora faz papel de mãe na vida do menino.
Yago é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que nasceu de um parto realizado em Renata Sodré, que teve morte cerebral por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), sendo mantida viva através de aparelhos até o nascimento do filho.
De acordo com a avó, a priminha do Yago, Ester Isabelly Souza, 4 anos, tem muito ciúmes e até chora pelo colo da avó. “Ela é muito ciumenta, sempre foi muito apegada comigo, mas morre de ciúmes dele. Ela fica brava, grita, tem muito ciúmes do primo dela”.
Mesmo assim, Adriana destaca que Yago é apaixonado por Ester. “Ele é apaixonado nela, fica vidrado olhando ela, tenta interagir, mas ela não gosta muito não. O ciúme fala mais alto, ela fica brava, com ciúmes e não quer interagir com ele. Eu falo com ele, falo com ela também, tentando não deixar um sentir ciúme do outro, mas não tem jeito, ela é muito ciumenta”.
A família mora no bairro Vivendas do Park e o dia a dia é dividido entre os dois pequenos. “Eu tenho três netinhos, a Ester, o Yago e o Arthur. Moro com minha filha Adrielly, que é a mãe da Ester. O Arthur é mais tranquilo, não tem tanto ciúme, mas os outros dois, tem essa questão de ciúme da Ester”.
De acordo com Adriana, Yago lembra muito a filha, falecida em 31 de março de 2017. “Ele tem a personalidade forte como a dela, é muito parecido com a minha filha, se ele quer algo, ele insiste até conseguir, fica bravo. Aparência física, eu acho que puxou mais do pai dele, mas o gênio é todo da minha filha”.
O caso
Yago Souza Sodré de Noronha é fruto do amor de Eduardo de Noronha, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março de 2017.
O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.
O pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.
Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno. Ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.
Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez, a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.