O médico cardiologista de Campo Grande, João Jackson Duarte, publicou diversos posts em redes sociais, questionando a eficácia da vacina contra a covid-19. Não bastasse o ataque à ciência no meio virtual, o profissional atendia e cobrava de pacientes para oferecer o tratamento precoce contra a doença.
Conforme apurado pelo TopMídiaNews, o médico não apenas ‘’esclarecia’’ os pacientes sobre os riscos da vacina pela internet, como os recebia em seu consultório. Entre os vários pacientes tratados com cloroquina e outros medicamentos, considerados ineficazes contra a covid, há um político. Cada uma das 15 sessões custava mil reais.
O problema é que moradores do prédio onde ele atendia acionaram a Vigilância Sanitária, que no início de junho pediu para que os atendimentos fossem encerrados.
Redes
O detalhe é que, para não ser bloqueado nas redes tradicionais, Jackson buscou refúgio no Telegram para criticar corrente majoritária da ciência e angariar pacientes.
Jackson tirava fotos com os pacientes que ele dizia estarem curados da covid. Conforme as publicações, o médico aponta para um paciente que segura a placa dizendo: ‘’eu venci a covid’’. Na legenda, o profissional escreve: ‘’liberado da picada’’, ou seja, que o curado não precisaria tomar a vacina, já que supostamente ficará com anticorpos para a doença por 11 meses.
Em um áudio, o médico faz uma série de críticas ao imunizante e cita supostos casos de quem se vacinou e pegou a doença.
‘’Tem as duas coisas: tem paciente que tem a doença e recebe a vacina e tem paciente que não tem a doença, recebe a vacina, e desenvolve a doença’’, explicou o cardiologista.
Em outro trecho, o médico deixa claro seu descontentamento com os imunizantes.
‘’Eu não tenho a confiança nessas vacinas. Eu acho desagradável que as pessoas estão sendo vacinadas, mas não sabem que elas estão fazendo parte de uma experiência’’, detalha.
A justificativa do médico é que a vacina foi autorizada emergencialmente e há poucas informações sobre o imunizante. Entre elas os grupos que devem ser vacinados, quais grupos não devem ser vacinados e quais grupos que têm mais benefícios do que riscos.
O médico continua as críticas e questiona estudos sobre efeitos colaterais. Criança pode tomar com segurança? Gestante pode tomar, qual é a implicação no número de abortos?’’, questiona o profissional.
Apoio
Alguns internautas disseram ter adorado a explicação do médico e concordam com a posição dele. Ao ver o post onde o cardiologista sugere que quem pegou covid, não precisa se vacinar, uma mulher pede mais detalhes a ele.
‘’Eu não quero me vacinar de jeito nenhum. Por favor, me dê uma luz’’, disse a apoiadora.
‘Esconderijo’
O Telegram é um aplicativo de troca de mensagens, conhecido por não restringir determinados conteúdos proibidos em outras redes sociais.
O médico não fala sobre a vacinação no Instagram, simplesmente convida os interessados para discutir no Telegram.
‘’Falar sobre a picadinha? Só no Telegram’’, escreveu o profissional da saúde.
Cloroquina
No status do Telegram, o médico apresenta a inscrição ''tratamento precoce'', que é feito á base de medicamentos como cloroquina, ivermectina e azitromicina.
Entramos em contato com o médico, por meio do WhatsApp fornecido por uma secretária do consultório dele, em Campo Grande. Até o momento não tivemos resposta.
Importante destacar que o tratamento precoce é considerado ineficaz pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Já em relação à vacina, é possível contrair a doença mesmo após a imunização, mas em uma versão mais leve, com redução significativa de casos de internação e intubação, principalmente mortes.