Após diversas notícias de destruição e violência registrados no Carnaval de rua de Campo Grande, os blocos independentes se reuniram para debater o assunto na noite de ontem (7) e realizaram uma avaliação da festa. Nota oficial dos grupos destaca o desempenho dos blocos para realizar o evento diante dos requisitos exigidos pelo Poder Público.
“Avaliamos que o público dos blocos Capivara Blasé e Cordão Valu é composto por famílias inteiras - com crianças que há anos são trazidas por seus familiares e que hoje, adolescentes, cresceram tendo a possibilidade de vivenciar o maior evento cultural do Brasil: os blocos independentes de rua. Os blocos, que não recebem verba pública, portanto, que se auto custeiam por meio de eventos que antecedem o Carnaval, realizaram uma verdadeira saga em busca de cumprir todos os requisitos burocráticos exigidos pelo Poder Público para a realização desta festa popular na capital sul-mato-grossense”, diz a nota.
Conforme o documento, considerando a grande quantidade de pessoas na folia, foi realizada apenas uma ocorrência médica para cada seis mil pessoas. “Nós, da organização dos blocos, realizamos ações em defesa do Patrimônio Histórico, que foram televisionadas, em conjunto com o Iphan, para ficar em um exemplo, apenas. Com mais de 170 mil pessoas reunidas nos 4 dias do Carnaval realizado na Esplanada Ferroviária neste ano - com públicos que chegaram a 40 mil pessoas no Cordão Valu e a 35 mil pessoas no Capivara Blasé - observamos que a quantidade de ocorrências médicas foi de uma para cada seis mil pessoas, segundo dados da Cruz Vermelha Brasileira, Filial de MS, demonstrando que não houve incidentes mais graves, quando consideramos o universo de pessoas envolvidas neste tipo de evento popular”.
Os blocos destacam ainda a movimentação na economia do Estado diante das festividades carnavalescas. “Conforme dados da Fecomércio, divulgados antes do Carnaval, somente em 2018 foram injetados na economia da cidade R$ 48 milhões, demonstrando a potencialidade desse evento que se transformou em um dos maiores carnavais do MS, uma enorme atração turística, seguindo o movimento de grandes cidades como São Paulo e Belo Horizonte, onde também não se havia grande tradição de Carnaval dos Blocos Populares. Aliás, em São Paulo, o comércio e o setor de serviços já pensam em organizar um pólo de negócios em torno desse fenômeno. É importante citar que a previsão de crescimento do Carnaval de Blocos de Rua era de 5% para o ano de 2019, ainda segundo dados da Fecomércio”.
Segundo a nota, a estrutura oferecida pelo Poder Público não foi suficiente para a quantidade de pessoas que participou do Carnaval. “Dessa forma, gostaríamos de frisar que a estrutura que nos foi garantida pelo poder público (banheiros químicos, lixeiras, etc) foi insuficiente para a quantidade de pessoas presentes, e que isto é reflexo do cancelamento do Carnaval da Avenida Interlagos, na capital, e em diversos municípios do interior, fato que fez transbordar o número de foliões e folionas na Esplanada Ferroviária. Pretendemos continuar buscando o diálogo, colocando no papel as diversas ações necessárias para a redução de danos observados neste ano, desenvolvendo um planejamento com maior tempo de antecedência, onde todos os setores interessados da sociedade e os agentes públicos participem, aproveitando todas as potencialidades culturais, turísticas e econômicas do Carnaval dos blocos independentes de rua”.
Audiências
O grupo ressalta a necessidade de realizar audiências públicas para criar um cronograma para a realização das próximas festividades. “Precisamos promover a elaboração de um marco regulatório, com amplo diálogo social, para a realização do Carnaval de Rua de Campo Grande, a fim de que os foliões e folionas possam desfrutar, ainda mais, de um Carnaval verdadeiramente popular, em Liberdade e com Segurança. Para tanto, desde já, pedimos que os órgãos competentes garantam o cumprimento dos termos acordados previamente para a realização do Enterro dos Ossos, programado para este sábado, 09 de março. Lembramos, ainda, que as administrações públicas devem compreender bem a natureza da festa e o seu papel regulador, prestador de serviços e garantidor da segurança, da paz e da harmonia”.