Dois meses sem precisar utilizar oxigênio para respirar, o bebê Yago Souza Sodré de Noronha , 1 ano e nove meses, tem crises convulsivas em locais barulhentos. De acordo com a avó materna da criança, Adriana de Souza, 47 anos, que faz o papel de mãe e cria o neto, o menino teve diversas crises em locais de grande aglomeração de pessoas e a orientação médica, agora, é que ele permaneça em ambiente tranquilo.
“Eu levei ele em uma festinha de criança, ele convulsionou lá. Veio duas viaturas do Samu para conseguir fazer ele voltar. Fui no centro da cidade com ele e deu uma crise convulsiva também. Conversei com o médico dele, só na igreja que ele não tem crises, lá ele interagiu bem com as pessoas e não passa mal”, conta.
Adriana frequenta a igreja Rosa de Saron e é responsável por dar testemunho sobre a vitória do neto. “Eu frequento a igreja com ele e, quando dá, eu vou testemunhar a vida do Yago. Na semana passada eu fui no bairro Los Angeles, vou dando meu testemunho. Só não estou viajando porque ele não pode viajar, se não, eu gostaria de levar o testemunho para outras cidades”.
A avó destaca ainda que reuniu a família para confraternizar na residência, mas o encontrou resultou em mais uma crise de Yago. “Ele teve outra crise, ele fica agitado. Tínhamos combinado de fazer o ano novo aqui em casa também, mas eu cancelei. No ano novo ficou eu e ele, não deu para reunir a família”.
Orgulhosa ao ver o neto sorrindo, Adriana revela que Yago tem gênio forte parecido com o da mãe. “Ele parece muito com o pai dele, mas o gênio forte é todo da minha filha. Me lembra muito ela, principalmente quando ele quer alguma coisa. Ele é insistente, fica bravo se pede algo e não consegue. Ele bate o pé até conseguir o que quer, é muito parecido com ela”.
O caso
Yago Souza Sodré de Noronha é fruto do amor de Eduardo de Noronha, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março de 2017.
O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.
O pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.
Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno. Ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.
Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez, a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.