A ativista Cris Duarte, 49 anos, oficializou nesta quarta-feira (23), sua desfiliação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL-MS). O comunicado foi feito em sua página do Facebook.
Cris ficou conhecida por defender grupos considerados minoritários e por sua luta pelas causas femininas, grupos LGBTs, mulheres negras e povos indíginas.
Em 2020, Cris também disputou as eleições para prefeitura de Campo Grande, onde obteve 4.621 votos.
“Comunico oficialmente meu desligamento do Partido Socialismo e Liberdade — PSOL/MS, bem como do cargo que ocupo e elucido nesta carta pública, os reais motivos que levaram a tal decisão.
''Foram três anos vinculada a tendência interna “Fortalecer o PSOL, onde adquiri importante aprendizado, crescimento pessoal, e estabeleci profundos laços de amizade, porém, nesse período também acumulei críticas profundas aos métodos de organização e funcionamento partidário'', refletiu a ativista.
Em meados de 2021, ao participar do processo de disputa congressual em que buscava garantir a mudança da presidência do PSOL/MS, que permanecia a mesma por mais de uma década, passei por um processo sistemático de violência política de gênero que perdurou mesmo após findar o processo eleitoral em que fui eleita presidenta do Diretório Estadual. Senti na pele o gosto amargo das consequências emocionais de ser uma mulher ocupando o principal cargo dessa instância partidária que mesmo diante das denúncias, parecia não haver possibilidade concreta de superação desse panorama de ataques pessoais, desrespeito, travamentos burocráticos característicos do machismo estrutural que culminaram nesta difícil decisão de desligamento", escreveu.
Em seu comunicado, Cris disse que continuará com sua militância em prol das causas feministas e por fim agradeceu os anos em que esteve filiado ao PSOL.
"Sigo em minha militância, me dedicado ao movimento feminista, me unindo as mulheres negras, indígenas e LBT, porque tenho convicção que é com essas mulheres que preciso estar e construir. Tenho convicção que em nós, está a possibilidade mais completa de tomada de consciência política porque somos atravessadas cotidianamente pelas consequências mais profundas das violências. É, portanto, fundamental que nós mulheres estejamos nos lugares de liderança, mas sobretudo que tenhamos autonomia, acolhimento e sobretudo respeito.
Gratidão aos que caminharam comigo no PSOL", concluiu.