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Campo Grande

há 2 horas

Associação repudia ataque contra travesti que teve o corpo incendiado em Campo Grande

Pamela Mirella teve 90% do corpo incendiado e está internada em estado gravíssimo na Santa Casa

A ATTMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul) repudiou a agressão contra a travesti Pamela Mirella, que foi atacada e incendiada na madrugada de domingo (18), na Vila carvalho, em Campo Grande. Ela teve 90% do corpo queimado e está internada em estado gravíssimo na Santa Casa. 

A instituição, por meio de nota, informou que repudia quaisquer atos de violência e violações de direitos.

No mesmo comunicado, a associação esclareceu que “embora os atos tenham sido praticados por outras duas pessoas trans, é inadmissível que toleremos tais violências. Independentemente de conflitos pessoais ou de quaisquer fatos envolvidos, este ato de violência é mais um triste reflexo de uma sociedade intolerante que precisa urgentemente evoluir no respeito ao próximo”.

Por fim, a instituição cobrou das autoridades responsáveis uma investigação rápida e rigorosa, assegurando que os responsáveis pela agressão sejam devidamente identificados e punidos com todo o rigor da lei.

Confira nota na íntegra:

"A Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul (ATTMS), fundada em 13 de janeiro de 2001, tem como missão combater todas as formas de violência, violações de direitos, discriminação e preconceitos contra as pessoas Travestis e Transexuais no estado de Mato Grosso do Sul. A ATTMS prioriza o acesso à saúde, segurança, educação, assistência social, cultura e aos direitos humanos, promovendo o exercício pleno da cidadania. Para tanto, realiza ações in loco e utiliza como mecanismos a produção de conhecimentos, proposição de políticas públicas e ações articuladas junto a diversos órgãos públicos, visando minimizar violências e violações de direitos.

Apesar de ser uma instituição exclusivamente composta por pessoas Trans/Travestis, a ATTMS é precursora na luta e defesa de toda a população LGBTQIAPN+. A organização vivencia um processo constante de inovação e reconstrução, abordando transversalmente questões como o combate ao feminicídio, racismo, pedofilia, apoio a pessoas em situação de rua e do sistema prisional, assim como violências contra crianças e adolescentes. Essas ações complementam seu portfólio voltado à promoção dos direitos humanos e da cidadania.

Com 24 anos de experiência, a ATTMS foi responsável pela criação do Fórum Estadual LGBT de MS e tem contribuído ativamente em discussões e decisões para a implantação de políticas públicas. Destacam-se entre suas conquistas:

•    Lei 3.157 de 2005, que proíbe discriminação contra LGBT+ no estado;

•    Decreto 12.212 de 2006, que regulamenta a Lei 3.157;

•    Lei nº 059/2007, que obriga a disciplina de Relação de Gênero e Combate à Homofobia na formação de policiais civis, militares e bombeiros;

•    Lei nº 171/2010, que institui o Dia Estadual de Combate à Homofobia;

•    Lei nº 5.527 de 10 de março de 2015, que assegura às pessoas travestis e transexuais o direito de identificação pelo nome social em documentos de prestações de serviços quando atendidas nos órgãos da administração pública direta e indireta.

Diante de seu histórico de luta e defesa dos direitos humanos, a ATTMS, por meio de sua diretoria, vem a público manifestar seu mais profundo repúdio a quaisquer atos de violência e violações de direitos. Solidarizamo-nos com Pamela Mirela, mulher trans, vítima de um atentado ocorrido no último final de semana em Campo Grande. Embora os atos tenham sido praticados por outras duas pessoas trans, é inadmissível que toleremos tais violências. Independentemente de conflitos pessoais ou de quaisquer fatos envolvidos, este ato de violência é mais um triste reflexo de uma sociedade intolerante que precisa urgentemente evoluir no respeito ao próximo.

Não bastasse o Brasil ser líder mundial em violências contra LGBTQIAPN+, enfrentamos situações degradantes praticadas entre indivíduos da mesma classe. A agressão a Pamela é mais do que um ataque a uma pessoa; é uma afronta à dignidade humana e aos direitos fundamentais, incluindo a violabilidade de domicílio. Em pleno século XXI, episódios de violência como este são inaceitáveis, especialmente quando cometidos dentro da própria comunidade.

Reiteramos a necessidade urgente de implementar políticas públicas eficazes que garantam não apenas a segurança, mas também a inclusão e a promoção dos direitos das pessoas trans e de toda a comunidade LGBTQIAPN+. Apelamos às autoridades competentes para que conduzam uma investigação rápida e rigorosa, assegurando que os responsáveis sejam devidamente identificados e punidos conforme a legislação.
Manifestamos nossa solidariedade a Pamela Mirela e a todas as pessoas que enfrentam, diariamente, violências, discriminações e preconceitos. A luta por dignidade, respeito e igualdade é um compromisso coletivo, e nós, da ATTMS, reafirmamos nosso compromisso inabalável com esta causa, independentemente de quem sejam os culpados.

Que este lamentável episódio sirva como um chamado à reflexão e à ação, para que possamos construir uma sociedade mais justa, acolhedora e comprometida com o bem-estar, a vida e os direitos humanos de todos".

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