Após o ataque em uma escola em Suzano, em São Paulo, o sinal de alerta para a depressão infantil acendeu, no entanto, é preciso pensar em outro fator: os professores que estão lidando com esse público estão em dia com a saúde mental?
Considerada uma das profissões mais desgastante, devido à carga excessiva de trabalho e emocional, por muitas vezes ter que ser mais que um professor atuando, sendo até mesmo ‘psicólogo’, este profissional está adoecendo cada vez mais. O desafio é diário e intenso e a saúde pode muitas vezes não resistir.
O secretário municipal de Finanças e Orçamento, Pedro Pedrossian Neto, durante uma prestação de contas na Câmara Municipal, chegou a declarar que, em 2018, em Campo Grande, 60 mil atestados foram apresentados por servidores da Educação.
Já em todo o Estado, segundo a Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul, mais de 60% das licenças médicas concedidas são para professores, sendo que 38% estão relacionadas a transtornos mentais, como depressão e ansiedade.
Segundo o presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação), Lucílio Vargas, não dá para falar em números sobre o afastamento destes profissionais, no entanto é nítido o desgaste e afastamento por diversos fatores, principalmente pela depressão e ansiedade.
“A categoria adoece antes da aposentadoria, muita carga emocional. É desgastante atender de 35 a 40 alunos em uma aula, ou seja, só multiplicar as aulas do dia, dá uma medica de 200 alunos de forma individualizada, já que cada aluno tem sua particularidade”, destacou.
Vargas fala que os profissionais mais prejudicados são os que atuam disciplinas de artes, filosofia, educação física e sociologia. Ele faz uma lista dos fatores que podem contribuir para esse adoecimento.
“Segurança nas escolas, violência externa que vai de dentro para fora, ou seja, você já trabalha sobre tensão. Problemas sociais e familiares, com os novos arranjos de famílias, muitas vezes não se tem o acompanhamento necessário. Atuamos como psicólogo, assistente social, segurança e professor”, ressalta.
Para os profissionais, apesar de a remuneração ser muito abaixo do esperado, esse não é o único problema.
“Não adianta pagar R$ 10, 15 ou 20 mil, o problema é a estrutura, tem que haver uma mudança. Ter um bom material didático, apoio familiar e estrutura física”, finaliza.