O depoimento de Chistian Campoçano, padrasto da pequena Sophia de Jesus Ocampo, durou quase duas horas e terminou com o réu chorando ao falar sobre a morte da enteada. Em lágrimas, o acusado disse que não esperava que acontecesse o que aconteceu e que não teve tempo de se despedir da menina.
Dia anterior a morte, o padrasto afirmou que a enteada já não estava bem, mas não esperava que fosse algo sério.
"A gente achava só que ela não estava bem, com algum problema estomacal, ou algo do tipo, que ela ia melhorar, então a gente não teve o desespero no dia anterior, mas de forma alguma a gente esperava que acontecesse o que aconteceu", disse o réu com a voz embargada.
Ao ser questionado se o intuito era matar Sophia, o padrasto negou e disse que a considerava como filha.
"Em nenhum momento, eu algumas vezes tive conflito com minha ex-mulher, ela falava que eu tratava melhor a Sophia que nosso próprio filho, mas eu explicava que tentava compensar a carência da mãe na vida dela", disse ele, sobre Stephanie não ser uma boa mãe a menina.
Christian ainda disse em seu depoimento que se apegou a Sophia a ponto de permitir que a menina o chamasse de pai.
"Ela escutava meu filho e começou a chamar de pai e eu falava sempre tio, sempre tentei colocar na cabeça dela que ela tinha pai, falei a Stephanie e ela falou 'só aceita', eu me apeguei", usou em seu depoimento.
O padrasto ainda comentou que pensou em suicídio quando soube da morte da enteada. "Passou pela minha cabeça, sim, no momento de choque, de desespero, para mim tinha acabado", acrescentou.
Estupro
Durante o depoimento, ao ser questionado sobre o estupro da Sophia comprovado por meio de laudo, Christian negou o crime e disse em sua versão que não dava banho na enteada.
"Nunca tive intenção nenhuma de fazer tal coisa, tanto que eu falava que não ia dar banho, nem no começo não trocava fralda, e falava 'se alguém ver isso aí vão colocar coisa na sua cabeça', não sou pai dela, toda e qualquer higiene eu evitava fazer e falava para ela, ensina a Sophia tomar banho sozinha para eu não dar banho nela", disse.
Padrasto diz que casal bebeu, usou drogas e recebeu visitas antes da morte de Sophia
Na noite anterior a morte de Sophia de Jesus Ocampo, 2 anos e 7 meses, o padrasto Christian Campoçano e a mãe Stephanie de Jesus da Silva beberam e usaram drogas na presença de outros amigos, na residência do casal no Jardim Colúmbia, em Campo Grande. Ao menos é o que diz Christian.
Segundo o depoimento do réu, após o uso de drogas e bebidas, dormiu e só acordou quando a companheira informou sobre a convulsão da Sophia.
"Todos foram embora e fomos dormir e apaguei. Ela me chamou duas vezes para comer depois, depois me acordou desesperada dizendo que a Sophia não estava bem", disse.
De acordo com Christian, quando ele acordou, viu a Sophia com a boca roxa e ajudou Stephanie a arrumar as coisas para levar a menina ao médico. "Não dei banho na Sophia, quem deu banho foi ela [Stephanie], eu só lavei o rosto da menina na pia antes delas saírem e ela estava na porta", disse em sua versão.
Ao ser questionado se o uso de drogas aliado a bebida pudesse ter alterado o comportamento ou até mesmo esquecido o que fez, Christian negou e ainda disse que a quantidade de drogas usada no dia era pouca e dividida entre 5 pessoas, não sendo o suficiente para causar alucinações.
Ainda sobre os roxos encontrados no corpo da Sophia no dia da morte, ele diz que se tratava de marcas de agressões anteriores praticadas pela própria mãe.
Massagem cardíaca na enteada
Em outro momento do depoimento ao ser novamente questionado sobre o dia da morte, Christian disse que fez massagem cardíaca na enteada antes dela ser levada a UPA do Coronel Antonino, em Campo Grande.
O padrasto disse que após ser acordado pela Stephanie de Jesus Silva e encontrou a Sophia passando mal com a boca roxa e convulsionando, ele fez massagem para tentar reanimar.
"Peguei ela, fiz massagem nela no colchão, ela esboçou uma reação", disse.
Ao ser questionado em qual momento fez isso, visto que não tinha mencionado tal situação antes durante o depoimento, ele disse que foi antes de levar a menina para lavar o rosto na pia, depois enrolou a vítima em uma toalha para Stephanie levar ao médico.
Rigidez cadavérica
A versão dada pelo padrasto não condiz com a versão dada pela pediatra Thayse Capel, que esteve na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, no dia da morte de Sophia e atestou a morte cerca de 4 horas antes de ser levada a UPA.
A mãe e o padrasto estão sendo julgados pela morte da criança e o júri teve início nesta quarta-feira (4). Neste segundo dia de julgamento, Christian deu depoimento antes do debate final.
Christian Campoçano nega o 3stupr0 da menina Sophia em júri neste momento! Decisão do juiz Aluizio Pereira dos Santos autorizou somente HOJE gravações dentro do local, porém sem nenhum comentário!
Posted by TopMídia News on Thursday, December 5, 2024