Frio na barriga, aperto no peito e tensão me dominaram durante a leitura de O Silêncio da Casa Fria, de Laura Purcell, publicado pela editora Darkside.
Não me lembro qual a última vez que me entreguei tão profundamente à atmosfera sombria de uma história, sentindo as angústias das personagens em meu próprio corpo.
Ainda estou digerindo esse livro, suas mensagens, contradições e questionamentos. Sim, consegui extrair significado em uma história aparentemente escrita para o entretenimento.
Uma homenagem à escrita gótica da era vitoriana, A Casa Fria é qualquer coisa menos silenciosa. Parece que até mesmo a respiração nesse ambiente imaginado traz um som alto demais para ouvidos pouco sensíveis.
Usando três linhas do tempo, a autora conta a vida de Elsie no presente, sua passagem pelo prédio jacobino baixo durante toda a tragédia que selaria seu futuro e os diários de uma estranha ancestral da família que construiu o lugar.
Elsie já começa em um hospício, o que amplia a expectativa sobre o que a levou até lá. Um funeral, uma viúva grávida e empregadas misteriosas, uma mansão com muitos esqueletos no quintal e obras de arte assustadoramente realistas: muitos ingredientes maravilhosos.
Terminei a leitura tentando encaixar o quebra-cabeça. Queria depositar aqui todas as minhas dúvidas, pedir ajuda, pensar em todas as alternativas, mas não posso estragar essa recomendação com spoilers.
Confesso que ficaram pontas soltas, deixando um gostinho de quero mais sobre algumas personagens. Também achei alguns arcos incompletos, como adornos que não se encaixam com o visual, exagerados, fora de lugar. Ainda assim, entrou na minha lista de favoritos. Não pela história perfeita, mas pela narrativa envolvente, que me fez mergulhar naquele ambiente, sentir cheiros e texturas, além de mexer com algo bem mais íntimo: os meus sentimentos de medo, expectativa e horror.
Me atrevo a dizer que os 'companheiros silenciosos', que dão nome à trama em inglês, possam ser metáfora para sentimentos nada sobrenaturais. Mas precisava de alguém para entrar nesse debate comigo. Simplesmente: leia!