O ano de 2024 foi marcante para o Rio Grande do Sul. No fim do mês de abril uma tragédia natural, com enchentes, deslizamento de terras e desabamento de casas assolou o Estado sulista, comovendo o Brasil e o mundo, fazendo com que pessoas enviassem doações e também, com que bombeiros de outras regiões do país fossem enviados para atuar no episódio.
Três equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) foram enviadas para o Rio Grande do Sul, entre elas uma formada pelo sargento Kalunga, os soldados Jéssica Lopes e Humberto, e pela cadela de resgate Laika.
Laika foi escolhida para ir ao Estado gaúcho por ser uma cadela experiente e certificada. Ela foi aprovada no simulado a nível nacional, que serve para testar a capacidade dos cães, realizado pelo Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (LIGABOM), através do Comitê de Busca, Resgate e Salvamento com Cães (CONABRESC), e também na prova de socialização com pessoas e outros cães.
A equipe retornou ao Mato Grosso do Sul após 14 dias intensos de trabalho. Eles atuaram nas buscas por pessoas desaparecidas em locais onde a água já havia abaixado, e restaram somente os escombros. "Cena de filme", disse Jéssica.
Com o auxilio de Laika, a equipe atuou em um grande deslizamento de terra que soterrou uma propriedade onde moravam seis pessoas da mesma família, e que tinha um chiqueiro com mais de 600 porcos, na zona rural da cidade de Roca Sales, a 144 km de Porto Alegre.
Lá, Laika indicou onde os corpos estavam. “O trabalho do cão otimiza e direciona as buscas na região. Nós fazemos toda uma análise do local, mas quando o cão indica, é dado a preferência para o que ele indicou”, afirmou o sargento Kalunga, que também é o responsável pela cadela.
"Cão é uma valiosa ferramenta. O que os olhos não veem, o focinho sente", brincou Kalunga. A equipe também relata que após a água ter abaixado, ficou uma grande quantidade de lixo acumulada nas cidades acompanhando a destruição, e por isso, acreditam que muitas delas virarão cidades fantasmas.
"Não tem como voltar da mesma forma de lá", afirmou o sargento Humberto. "Foi uma experiência transformadora", disse Jéssica.
Como está o Rio Grande do Sul?
Dezembro marca os sete meses das enchentes que mataram 183 pessoas e deixaram 27 desaparecidos no Estado sulista. Mas o Rio Grande do Sul demonstra sinais que está se reerguendo.
Em outubro, o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, voltou a receber voos após a reforma da pista, que ficou inundada por mais de 20 dias.
O Mercado Público e os estádios da dupla Grenal (Grêmio e Internacional) também reabriram ao público ao longo dos últimos meses.
Segundo o governo do Rio Grande do Sul, 1.791 pessoas seguem desabrigadas. São famílias que estão em 40 centros de acolhimento ou alojamentos provisórios espalhados por 23 cidades. Em Encantado, no Vale do Taquari, 220 pessoas seguem abrigadas.
Canoas, na Região Metropolitana, tem o maior número de desabrigados, com 499 pessoas fora de casa. Em Porto Alegre, são 377 pessoas.
Na Região das Ilhas, em Porto Alegre, 1,5 mil famílias ainda aguardam as novas casas prometidas depois da enchente.
Até o início de novembro, apenas 16% dos cadastros haviam sido aprovados pelo governo. E isso não garante que as famílias vão conseguir se mudar para um novo endereço.
Na educação, há mais de 2,3 mil escolas do Rio Grande do Sul, 17 seguem fechadas desde o desastre. Também na Região das Ilhas, em Porto Alegre, o prédio de uma escola estadual ainda está interditado. O avanço das águas deixou o solo instável, e há risco de desabamento.
Os mais de 800 alunos da Escola Almirante Barroso foram transferidos para outras instituições.
O Hospital Pronto Socorro de Canoas foi reaberto para atendimentos de baixa e média complexidade no dia 30 de setembro.