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Luta pela educação

há 3 meses

Professora cria plano de inclusão para alunos com deficiência em transporte público

Há 24 anos nas salas de aula, Rosalina começou a notar a dificuldade de crianças e das famílias sobre o trajeto que faziam de casa para a escola

Há 24 anos trabalhando e se dedicando a educação, a professora Rosalina Gomes, de 50 anos, ao longo dos anos começou a notar a dificuldade de crianças e das famílias sobre o trajeto que faziam de casa para a escola. A grande maioria das mães precisa atravessar as cidades em trasportes coletivos lotados ou até mesmo fazer o trajeto a pé junto aos filhos.

"Em vários dias eu encontrava mães empurrando cadeira de rodas ou segurando o filho pelo braço em um trajeto de sol escaldante, ou em dias de chuva, quando presenciei uma mãe que levava o filho a escola e esperava do lado de fora até o horário de saída, seja no sol ou na chuva", conta a professora.

Além de presenciar várias situações, a professora passou a ouvir essas mãe e a necessidade delas, que incluem a questão do transporte de qualidade e acessível para essas crianças, sejam ela com deficiência ou não. 

Em um dos relatos ouvidos pela professora, está o de Luzinete Brandão, mãe de uma criança autista, que necessita do transporte coletivo para levar a filha até a escola. A mãe conta que muitas vezes a filha tem crises dentro do coletivo, mas ela não tem condição de voltar para casa por não ter condição de pagar um novo passe, então ela fica sentada em frente a escola, que fica no Coronel antonino, até o término da aula. 

"No bairro onde eu moro não tem escola, então eu tenho que pegar dois ônibus para levar ela em outra escola que fica em outro bairro, e preciso fico ficar esperando até ela sair, pois não tenho condição de pagar outro passe para voltar mais cedo para casa e fazer tudo que preciso fazer em casa. Quando chegamos de volta da escola tenho que fazer tudo as pressas porque ela tem terapia a tarde, então saímos de casa novamente sem tomar banho, sem comer direito e temos que enfrentar de novo o trasporte ruim e lotado", conta a mãe. 

E foi a partir desses relatos e das situações presenciadas pela professora, que ela começou a pesquisar mais sobre as políticas públicas voltadas para essas pessoas no estado e descobriu que essas políticas eram precárias.

"A ideia surgiu a partir de reflexões como: o que eu posso fazer para ajudar os estudantes com deficiência em sua locomoção? Como posso ajudar essas famílias?", conta.

Buscando solução para esses problemas, a professora conheceu a Lei 265/2010, do estado de São Paulo e proposta pelo atual Deputado Federal Baleia Rossi. A lei autoriza a oferta gratuita aos alunos com deficiência o transporte adaptado às suas dificuldades físicas no trajeto entre as suas residências e as escolas, por parte do Poder Executivo em 645 municípios. A medida vale para alunos de todos os graus escolares - ou seja, do fundamental ao ensino técnico.

"Eu conheci pessoalmente o projeto e fiquei encantada. Voltei a Campo Grande com a certeza de que poderia fazer a diferença na vida de inúmeros estudantes com deficiência e suas famílias, foram muitas falas negativas, mas eu nunca desisti e continuei persistindo", relata a professora.

Em 2020, Rosalina deu início a sua luta para trazer a inclusão no transporte dos alunos para Campo Grande e então começou a buscar por parcerias e tentava chamar a atenção das autoridades do Estado e municípios.

Mas, só um ano depois, em 2021, que um dos vereadores de Campo Grande, deu a chance para a professora apresentar o projeto, enxergando uma porta de esperando e vendo que estava no caminho certo. 

Desde 2021, o projeto é lei em alguns municípios do Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Bandeirantes, Bataguassu, Corguinho, Sidrolândia e Iguatemi.

"Nessa caminhada, conheci inúmeras mães nas escolas municipais, estaduais e instituições de reabilitação e fisioterapia. A cada relato eu vejo a necessidade desse tipo de um transporte público especializado para essas crianças ser disponibilizado em todo o estado, para que as pessoas com deficiência tenham dignidade, humanização e autonomia para transpor barreiras", relata a professora.

Rosalina permanece na busca por parcerias, patrocínios e gestores públicos que tenham um olhar diferenciado e apoiem o acesso à educação de estudantes, público-alvo da educação especial. 

"Tenho a pretensão de que o transporte escolar para alunos com deficiência alcance todos os 79 municípios do Mato Grosso do Sul e, futuramente, todo o Brasil", finaliza a professora.

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