Por amor à profissão, a professora Jucimara Inácio, 32 anos, que atua como auxiliar especializado pedagógico, decidiu fazer algo diferente.
Acompanhando um aluno autista há 4 anos, ela criou um projeto de inclusão através da poesia, com a ajuda do professor regente Ádemir Barbosa dos Santos.
Ela trabalha na escola municipal Irene Szukala, no Jardim Hortências, em Campo Grande. Segundo a professora, são 60 alunos com necessidades especiais na escola, sendo 12 com autismo.
Com um trabalho de alunos, professores e coordenação foi possível criar um livro de poesia, intitulado ‘Autismo: mentes abstratas, sentimentos concretos’, que será lançado oficialmente no dia 3 de Setembro.
A motivação para criar o projeto foi de diminuir o preconceito e mostrar as pessoas o que é o autismo.
“As crianças, às vezes, não conhecem e nem sabem o que é autismo. Pensei em criar o projeto que falasse o que era autismo de verdade. Como atuo no quinto ano, fiz a proposta para o professor regente em fazer a coletânea, sem ser muito infantilizado”, conta.
No início a ideia é que fosse algo simples, apenas digitado, impresso e entregue aos alunos.
“Seria algo simples, impresso no sulfite e a gente ia grampear e entregar para as crianças. Graças ao professor regente, que apoiou o projeto, que a principio seria simples, um trabalho colaborativo, saiu um livro que vai ser lançado no dia 3 de setembro”, fala orgulhosa.
Para que os estudantes criassem as poesias, a professora conta que foi um processo com vídeos e conversas sobre o assunto.
“Na hora de criar, eles se colocaram na primeira pessoa, como se eles fossem autistas e estivessem sofrendo o preconceito na pele. Achamos que não ia dar em nada, mas ficou encantador. Deixamos elas livres para criar as poesias sobre o autismo, e achamos injusto não correr atrás de patrocínio, até que conseguimos o publicamos o livro. Para ser lançado, precisava da editora, e como o professor e poeta é filiado na editora, aí ficou no nome dele, mas envolveu várias pessoas da escola, coordenação, sala de recursos, alunos principalmente, pais e mães”, reforçou.
No entanto, nem tudo é fácil. A professora ressalta que algumas dificuldades foram encontradas no caminho, por exemplo, alguns pais que não autorizaram os filhos a participar.
“Pedimos autorização dos pais para colocar fotos, alguns não autorizaram porque não querem que o filho saiba que é autista, que temos autistas leves na escola e não queria que o filho soubesse por que poderia prejudicar, então infelizmente ainda existe preconceito. Mas da forma como colocamos, não houve exposição de nenhum aluno, pelo contrário, tem fotos da sala, dos alunos que escreveram e também dos alunos com autismo”, reflete.