Adriana Rolon, 34 anos, é cadeirante e nunca andou na vida. Após nascer e ser diagnosticada com artrogripose, que é uma doença congênita rara em que as articulações ficam com poucos movimentos, ela encontrou na bocha adaptada um novo sentido para a vida e uma maneira de superar as barreiras.
Para quem não conhece, a bocha ou boccia, é um jogo de arremesso de bolas que começou a ser praticado no Rio Grande do Sul e, adaptado, se tornou modalidade Paralímpica em 1984. E foi em 2005 que a história de Adriana começou no esporte, mas com um final não tão feliz.
"Já praticava natação, mas foi em 2005 que conheci a bocha. Na época não usava cadeira de rodas motorizada, então tinha muita força e coordenação motora, o que fez com que eu não passasse no teste para a vaga. Fiquei super chateada e disse que não queria mais saber de esporte", contou.
(Paixão pelo esporte se tornou tatuagem no braço de Adriana. Foto: Wesley Ortiz)
Cinco anos após a negativa, mas já com a cadeira motorizada, Adriana reencontrou a treinadora da bocha adaptada de Campo Grande e um novo convite veio. "Ela me chamou para tentar de novo, mas no começo eu não quis, por medo de não passar e ter uma nova frustração. Daí tentei mais uma vez e fui classificada", disse.
Sempre muito dedicada ao esporte, Adriana não falta aos treinos, que são realizados no Sesc Camilo Boni e em uma das quadras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). "Nunca falto aos treinos, não importa o tempo, se está frio ou chovendo, eu vou treinar".
No primeiro campeonato que Adriana participou, em Minas Gerais, a sul-mato-grossense foi a atleta destaque no esporte. Competindo por todo o Brasil, ela já chegou a ficar com o terceiro lugar em uma competição de nível nacional. "A bocha é tudo pra mim, minha segunda paixão da vida. Os dias que não tenho treino, fico chateada e irritada", contou aos risos.
Para Adriana, praticar o esporte é uma maneira de mostrar para as pessoas que a deficiência não é sinônimo de incapacidade. "É muito gratificante viajar para competir, conhecer outras pessoas, outras deficiências. Muita gente pergunta se eu consigo jogar por ser cadeirante, e é através do esporte que eu mostro que sou capaz, sim! Eu corro atrás dos meus objetivos e um deles é chegar na seleção brasileira de bocha adaptada", ressaltou.
Largar o esporte é algo que nem passa pela a cabeça da paratleta. "Faço faculdade de educação física e só vou parar de jogar se for para ser treinadora de uma equipe", disse. Questionada sobre a limitação da cadeira de rodas, Adriana disse que não existe. "A cadeira não me prende, é ela que me da a liberdade. Sou feliz do jeito que sou e nunca me lamentei por isso".
Em Campo Grande, a equipe de bocha adaptada é formada por 10 paratletas, mas também existe outros que treinam no interior do Estado.