A pastora Kelly Lopes Peixoto de Oliveira, 37 anos, sofreu nas 'garras' do mal do século: a depressão. Após superar a doença, ela lançou um livro com o objetivo de abrir a mente das famílias, igrejas e sociedade para enxergar pessoas que estão clamando por ajuda, às vezes, precisando apenas de um abraço, um eu te amo.
O lançamento ocorreu em janeiro e a pastora já tem recebido muitas mensagens de gratidão por compartilhar sua visão de mundo.
Mas a trajetória de Kelly não foi fácil assim. Na infância, viu a mãe com depressão após a morte de seus avós e, inclusive, teve que entender desde cedo o que era o suicídio e a sensação de estar só.
“Minha mãe tentou várias vezes, até que conseguiu tirar a vida com um tiro na cabeça, ficamos três crianças pequenas e meu pai. Lutamos muito para superar, sempre cresci com o pensamento que meu fim seria o mesmo que o dela”, desabafa.
Três perdas, da mãe e avós, já estavam difíceis, Kelly teve que lidar com outra adversidade do destino.
“Cinco anos depois perdi meu irmão mais velho com um trágico acidente de moto, foi onde enfrentei a dor do luto, a depressão e sentimentos de morte. Tive minhas experiências com Deus, e fui me levantando aos poucos”.
Como toda mulher, Kelly tinha uma rotina mega corrida, conciliando seus afazeres profissionais com a vida doméstica, de casa, esposo e filhos. Resultado: esgotamento físico e mental.
Foi neste momento, segundo ela, que um filme passou em sua cabeça.
“Tive um esgotamento físico e mental, onde os médicos não achavam nada para justificar tanta dor e inúmeros sintomas no meu corpo, me receitando calmantes. Então, voltei como um filme em toda minha história, e vi dois caminhos: ou morreria dessa vez ou ia usar a minha experiência com a depressão para ajudar pessoas e famílias que sofrem com isso”.
Religiosa, Kelly sabe que o mal existe e, por isso, aborda no livro como a ciência e a bíblia falam da depressão e como se ‘livrar’ através de uma ‘reprogramação mental’, usando atividades físicas, boa alimentação, entre outros.
Em pouco tempo, a pastora colhe os frutos de ter compartilhado sua experiência com tantas pessoas.
“Mandei para várias cidade de MS. Diariamente recebo mensagens de pessoas que compraram ou ganharam o livro e tem tido experiências tremendas, porque hoje a depressão ainda é vista como frescura. E somente quem passa por ela sabe que é como você entrar em um buraco muito fundo e escuro e não ter forças para sair de lá”, reflete.
Mãe de 3 filhos, ela garante que a ‘dor da alma’ é muito maior do que a de um parto. “A dor na alma é muito mais intensa e dolorida que a dor de um parto. Porque ela não passa. Já fiquei chorando 24h no dia, durante meses sem ter um motivo concreto, já passei por três partos, e nenhum se compara”.
A família e também a filha, de apenas 3 anos, de acordo com a pastora, foi a luz que ela precisava no fim do túnel.
“Minha família foi fundamental, minha filha de 3 aninhos olhava pra mim é dizia: mamãe não chora, eu te amo e o Papai do céu te ama. Isso era como um choque que me ativava. Meu pai por várias vezes veio me socorrer. Assim, foi meu esposo e meus outros filhos, fundamentais nesse processo”, finaliza.