Não é todo dia que comemoramos 100 anos, né? Ernesto Cançado Vieira teve o privilégio de comemorar essa data ao lado dos familiares, em Itaporã e mostrar que ainda tem muita lucidez e vitalidade.

Ao lado de sobrinhos e parentes de diferentes gerações, o aniversário do idoso movimentou a cidade e trouxe recordações de uma longa vida na terra.

Nascido em Ponta Porã no dia 13 de setembro de 1924, Ernesto nunca se casou e nem teve filhos. Na memória ele guarda uma vida que atravessou décadas de transformações sociais, políticas e econômicas, e também o testemunho de quem acompanhou de perto o crescimento de um Estado.

“A gente vivia no campo, longe de tudo, mas sempre com Deus no coração. Eu só cheguei até aqui por causa d'Ele”, afirmou Ernesto.

Apesar de ter enterrado os pais, seus três irmãos e quatro irmãs – incluindo o gêmeo Ernestino, que faleceu aos 89 anos – Ernesto mantém uma vitalidade surpreendente. "Já perdi muita gente, inclusive meu irmão gêmeo, mas Deus me deixou aqui por algum motivo", diz ele, refletindo sobre os mistérios da vida.

Parte do segredo de sua longevidade, ele revela, está na simplicidade de sua rotina. "Todo dia eu como arroz, feijão e carne. Não precisa de mais que isso. E o chimarrão com ervas medicinais, esse nunca pode faltar", conta, destacando também o hábito de caminhar longas distâncias.

Até os 93 anos, Ernesto andava vários quilômetros diariamente, mas agora, aos 100, limita-se a caminhar apenas o necessário. Mesmo assim, ele faz questão de manter sua autonomia: "Ainda faço tudo sozinho. Como, vou ao banheiro e tomo banho sem ajuda", diz com orgulho.