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há 4 dias

Entidades ambientais assinam manifesto contra enfraquecimento da proteção de Unidades de Conservação

Documento em Defesa do Sistema Nacional de Unidades de Conservação critica a falta de comprometimento e foi entregue ao ICMBio e Ministra Marina Silva

Nessa quinta-feira (27), representantes de 68 entidades ambientais, incluindo SOS Mata Atlântica, SOS Pantanal, SPVS, Rede Pró-UC, Onçafari e Instituto Arara-Azul, entre outras, entregaram à Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e à direção do ICMBio, o Manifesto em Defesa do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação).

O documento, que também conta com a assinatura de 48 personalidades engajadas na defesa socioambiental, expressa preocupação com decisões recentes do Governo Federal que enfraquecem a proteção das Unidades de Conservação de Proteção Integral (UCs). O manifesto critica a emissão de termos que permitem o uso das UCs para interesses pessoais, contrariando a Constituição Federal e as diretrizes do próprio SNUC.

Como exemplo, o manifesto cita a tentativa de instalar comunidades indígenas em uma área de 6,7 mil hectares da Reserva Biológica Bom Jesus, no Paraná. A iniciativa envolve políticas públicas promovidas conjuntamente pelo ICMBio e pela FUNAI, com destaque para o risco de ocupação de territórios de conservação e a permissão de atividades incompatíveis com a preservação, como a caça de espécies ameaçadas.

Embora apoie as causas dos povos originários e a implementação de Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs), os signatários alertam que propostas como essa, que sobrepõem interesses, comprometem a integridade dessas áreas, não atendendo aos objetivos de proteção integral.

Fabio Feldmann, ex-deputado federal e um dos criadores da Lei da Mata Atlântica e do SNUC, também assina o manifesto. Feldmann destaca que atividades econômicas sem estudos adequados podem prejudicar gravemente as áreas preservadas. “A Constituição trata áreas protegidas e Terras Indígenas como categorias distintas. A flexibilização dessas áreas coloca em risco seu valor ecológico e compromete os atributos essenciais da proteção integral”, afirma.

Entre as principais reivindicações, o manifesto exige a preservação rigorosa das Unidades de Conservação, com a garantia de que o Governo Federal respeite os objetivos de proteção integral, sem permitir sua ocupação ou exploração. O documento também ressalta a necessidade de separar as funções do ICMBio e da FUNAI, denunciando flexibilizações que ameaçam espécies protegidas e a integridade das áreas de conservação.

Leia a íntegra do manifesto: 

"Manifesto em Defesa do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)

27 de março de 2025 

As instituições e pessoas físicas abaixo vêm a público demonstrar sua contrariedade e grande preocupação em relação a iniciativas promovidas por instâncias do Governo Federal que fragilizam a devida proteção de UCs de Proteção Integral e o direito constitucional a um meio ambiente íntegro. 

Não são compreensíveis movimentos que, de formas desconexa e contraditória com compromissos estabelecidos e do próprio respeito à Constituição Brasileira e ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação, coloquem em risco as poucas Unidades de Conservação de Proteção Integral em biomas já extremamente pressionados por continuados processos de degradação e crônica falta de pessoal e recursos. 

Casos como a tentativa recente de inclusão no interior da Reserva Biológica Bom Jesus, no Paraná, promovida pelo ICMBIO e pela FUNAI, numa área delimitada de cerca de 6,7 mil hectares e para acomodar famílias de comunidades indígenas, sem um limite, o que inclui práticas de caça de espécies ameaçadas de extinção dentre outras atividades incompatíveis com a categorização desta UC, representam não apenas uma abertura perigosa de precedentes como uma demonstração de pouca aderência do Governo Federal com o compromisso de proteger e de garantir o incremento da gestão de nossas UCs, cada qual dentro de suas atribuições. 

Em resposta aos questionamentos feitos¹, o ICMBio usa um “jogo de palavras” para dizer que há um limite e para minimizar a questão da caça. É afirmado que “Novas admissões dentro da comunidade deverão seguir critérios internos dos Guarani Mbya e serem avaliadas pela Comissão de Acompanhamento instituída pelo TC”. Isso significa, sim, que todo aquele admitido pela Comunidade poderá ingressar na Reserva, sem limite. A FUNAI já deixou claro que as Unidades de Conservação Federais de Proteção Integral devem servir aos indígenas. 

Quanto à caça, o ICMBio afirma: “O TC estabelece regras para a caça” e que “não há indícios de impacto ambiental significativo na fauna da Rebio desde a ocupação indígena”. Ora, estamos a tratar de espécies ameaçadas de extinção, essa discussão de “impacto” nem deveria ser aventada por um órgão que deveria proteger as UCs. O fato de ser vulnerável e ameaçada de extinção é pressuposto, por si só, para concluir que um único indivíduo caçado já impacta o pouco quantitativo de espécies. Então, o ICMBio inverteu sua lógica, desprotegendo a fauna das UCs para favorecer uma “condição imprópria para a manutenção da cultura e subsistência indígena”, sem, ao final, criarem novas TIs e nem mesmo ampliarem as áreas conservadas.  

Soma-se a esse exemplo, o caso do Parque Nacional Iguaçu quando, recentemente, esta mesma premissa foi alentada. Também merecem atenção acordos tratando de UCs de Uso Sustentável, especialmente frente a possibilidades de autorização de caça de animais silvestres em seus territórios, como aventado em casos como o das Florestas Nacionais de Canela e de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul. 

Cabe ressaltar nosso total apoio à busca de áreas adequadas e necessárias para a consolidação e a criação de novas Terras Indígenas em todo o território nacional. No entanto, propostas de sobreposição representam tão somente um serviço imperfeito, que não atende aos propósitos nem das UCs de Proteção Integral nem do pleno domínio de comunidades indígenas em áreas especialmente delimitadas para esta finalidade. ICMBio e FUNAI têm missões distintas. UCs e TIs têm finalidades distintas. Esta prerrogativa, a despeito de interfaces existentes, não pode ser alterada de maneira a criar desvios de finalidade destas instituições e/ou de quem as está gerindo no momento. 

Respeitosamente, 

Instituições:

Agencia de Sustentabilidade Mãozinha Verde – Bettina Zullig Pensera
Associação de Preservação do meio Ambiente e Vida – Miriam Prochnow
Associação Ambientalista Copaíba – Camila Conti
Associação dos Atrativos de Bonito e Região – Eduardo Coelho
Associação Catarinense de Preservação da Natureza – Lauro Eduardo Bacca
Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar – APOENA – Djalma Weffort
Associação Mico-Leão-Dourado – Luiz Paulo Ferraz
Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente – Maria Dalce Ricas
Associação Onçafari – Marina Courrol
Associação MarBrasil – Juliano Dobis
Avinc – Cayo Alcântara
Bioflora – Tecnologia da Restauração – Ricardo Ribeiro Rodrigues
Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental – CEDEA – Laura Jesus de Moura Costa
Confederação Nacional de RPPNs – Marco Antônio de Resende Ferreira
Divers for Sharks – Mergulhadores em Defesa do Tubarões – Paulo Cavalcanti
Forum Brasileiro da Família Empresária – Nelson Cury Filho
Fundação Brasil Cidadão – Bosco Carbogim
Fundação Ecotrópica – Ilvanio Martins
Fundação Museu Americano FUMHAM – Márcia Chame
Fundação Neotrópica do Brasil – Cheung Kwok Chiu
Fundação Pró-Natureza – FUNATURA
Fundação SOS Mata Atlântica
Fundação ZooFoz – Eduardo Foz
Grupo Ação Ecológica – André Ilha
Grupo Pau-Campeche – João de Deus Medeiros
IASB – Eduardo Coelho
Igré – Associação Socioambientalista – Carla Fontana
Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – Ana Maria Lopez Espinha
Instituto Ampara Animal – Juliana Camargo
Instituto Arara-Azul – Neiva Guedes
Instituto Atmosfera2 – Gilmar de Lima
Instituto Brasileiro de Conservação da Natureza – José Truda Palazzo Jr.
Instituto Curicaca – Alexandre Krob
Instituto de Conservação de Animais Silvestres – Arnaud Desbiez
Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura – Paulo Aparecido Pizzi
Instituto Floresta Viva – Rui Barbosa da Rocha
Instituto Homem Pantaneiro – Cel. Ângelo Rabelo
Instituto Horus – Silvia Ziller
Instituto Legado – James Marins
Instituto Líbio – Raquel Machado
Instituto Mira-Serra – Lisiane Becker
Instituto Onça-Pintada – Leandro Silveira
Instituto Onças do Rio Negro – Lucas Leuzinger
Instituto de Pesquisa Cananéia – Roberto Fusco
Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – Clóvis Borges
Instituto Pouso Alto – Flávia Cantal
Instituto Projeto Ariranhas – Caroline Leuchtenberger
Instituto Purunã – Soraia Melchioretto
Instituto Rã-Bugio para a Conservação da Biodiversidade – Elza Nishimura Woehl
Instituto Reprocon – Gedielson Ribeiro de Araújo
Instituto SOS Pantanal – Alexandre Bossi
Instituto Taquari Vivo – Renato Roscoe
Observatório Justiça e Conservação – Giem Guimarães
Partido Verde do Paraná – Raphael Rolim de Moura
Panthera – Leonardo Avelino
Rede Ambiental Piauí – Tânia Maria Martins Santos
Rede Brasileira de Reservas Naturais – RPPNs – Laércio M. de Souza
Rede Pro-UCs – Angela Kuczach
Refúgio Bem Viver – Felipe Coutinho Batista Esteves
RPPN Avá-Canoeiro – Flávia Cantal
RPPN Ernesto Vargas Baptista
RPPN Renascer – Uta Bodewig
Sauá Consultoria Ambiental – Carolina Martins Garcia
SAVE Brasil – Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil – Pedro Develey
Sociadade Chauá – André C. F. Sampaio
Taoway – Sustentabilidade Socioambiental
União Petritense de Proteção ao Ambiente Natural – Dionil Machado Pereira
União Protetora do Meio Ambiente – UPAN – Rafael José Altenhofen

Pessoas físicas: 

1.    Alain Belda
2.    Alberto Oliveira de Albuquerque Melo Neto
3.    Ana Luiza de Almeida Batista Martins Abrão
4.    Antônio Carlos Magalhães
5.    Betina Ortiz Bruel
6.    Carla Berl
7.    Carlos Alfredo Joly
8.    Carlos Manoel Amaral Soares
9.    Cláudia Gaigher
10.    Cissa de Almeida Biasoli
11.    Cristina Moore Portela
12.    Daniel Shinohara
13.    Deborah Fanhoni
14.    Dirceu Schmidlin
15.    Domingos Sávio Teixeira
16.    Emanuel Dias de Alencar
17.    Eny Hertz Bittencourt
18.    Fábio Feldmann
19.    Fábio Olmos
20.    Fernanda Delborgo Abra
21.    Fernando Fernandez
22.    FlávioLuiz de Castro Jesus
23.    Gabriel Caram
24.    Giovanna Araujo Vicentini
25.    Gricel Osorio Hor-Meyll
26.    Guto Quintella
27.    Irlau Machado
28.    Italo Ferreira
29.    Ivan Baptiston
30.    Juliana Werdesheim Altona
31.    Joana Picp
32.    João Siqueira
33.    José Pedro de Oliveira Costa
34.    Júlio Dalponte
35.    Larissa Schmauder Teixeira da Cunha
36.    Lélia Doumit
37.    Marc Dourojeanni
38.    Marcelo Augusto Santana de Melo
39.    Marcos Swarowsky
40.    Maria Tereza Jorge Pádua
41.    Mariana Monteiro de Souza Bastos
42.    Mário Haberfeld
43.    Mário Mantovani
44.    Maristela Oliveira Fonseca
45.    Maristela Temer
46.    Marta Calasans Gomes
47.    Martins Abraão
48.    Mauro Saslinas
49.    Mônica Guimaráes Pinheiro de Moraes
50.    Morris Safdie
51.    Nina Valentini
52.    Patrícia Rocha
53.    Paulo Artagão
54.    Pedro Camargo
55.    Pedro Lara
56.    Renata Soares
57.    Renato Rondon
58.    Rinaldo Cesar Zangirolami
59.    Roberta Paes de Almeida de Mello Souza
60.    Robert Betenson
61.    Robert Kozmann
62.    Roberto Klabin 
63.    Ricardo Miranda de Britez
64.    Roberta Pacífico
65.    Samara Thays Moreira Müller
66.    Senador Flávio Arns
67.    Thais Racy
68.    Thomas Souza
69.    Teresa Bracher
70.    Thais Seravali 
71.    Theotônio Monteiro de Barros
72.    Vera Lúcia Zamith Leal Dalmaso
73.    Verônica Theulen"

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