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31/01/2019 18:17

DJ preso injustamente por morte no Rio ganha equipamento de Dennis DJ

Leonardo Nascimento passou uma semana detido por um crime que não cometeu

Batida da polícia. Na última semana, Leonardo Nascimento viveu emoções cruéis. Preso injustamente no dia 15, o morador de Guaratiba passou uma semana detido por um crime que não cometeu. Batimentos acelerados. O jovem foi solto após a própria família levantar provas de sua inocência.

Num encontro com a mãe da vítima do latrocínio, Leonardo consolou a mulher que o havia apontado como autor do crime. Batidões. A pedido do EXTRA, Dennis DJ, que também havia se emocionado com a história do carioca, recebeu seu colega de profissão — conhecido na Zona Oeste como DJ Leo — para uma parceria nas picapes.

O que Leonardo não esperava era que o encontro renderia mais do que mixagens com o DJ mais tocado do Brasil (segundo dados do Spotify): no moderno estúdio do astro, o jovem de 26 anos foi presenteado com um equipamento novinho em folha para retomar a vida.

— Eu estava com minha aparelhagem toda queimada. A única coisa que sobrou foi o notebook que eu comprei e fui consertando com o dinheiro do trabalho das festas lá do bairro. Eu não estou acreditando que isso está acontecendo. Às vezes, a gente passa por certas situações e não sabe o motivo. Lá na frente, descobre — diz Leo, choroso ao receber o novo instrumento de trabalho.

Aos 38 anos, Dennis, que também passou por dificuldades no início da carreira, em Caxias, na Baixada, detalha por que se identificou com a história de Leonardo:

— Tenho um amigo que passou pela mesma situação que você, mas ficou oito meses até provar sua inocência. Hoje, ele me conta muitas coisas, e por isso eu digo que posso imaginar o que você passou — conta Dennis a Leonardo. O jovem relembra:

— É. Eu passei por poucas e boas na prisão... Foi muito difícil. A luta dos meus pais me ajudou a me manter vivo.

O recomeço, no entanto, já está acontecendo. Além de poder estudar em casa com o equipamento, Leonardo, que até então vinha fazendo bicos como eletricista, receberá orientações técnicas da equipe do DJ, que faz questão de enfatizar:

— Eu comecei a fazer festinhas com 15 anos. Desde aquela época, quem tivesse os discos e o equipamento se sobressaía. Mas é tudo muito caro e as pessoas querem contratar um DJ que já tenha CDJ (Compact Disc Jockey, um aparelho com recursos próprios para utilização por DJs). Por isso, é importante ele tocar em casa, se manter em sintonia comigo e com outros caras para pegar dicas e nunca deixar de estudar.

Na companhia da mãe, Eliane dos Santos, que ao lado do pai, Jorge Benjamin, ajudou a provar sua inocência, Leonardo frisa:

— Depois de tudo o que aconteceu, decidi entregar minha vida para Deus. De repente, posso tentar carreira gospel. Vou treinar, estudar e ligar para o Dennis dizendo: “Tô pronto”.

Dennis DJ diz: ‘É importante Leonardo não desistir’

Dennison de Lima Gomes, mais conhecido pelo público como Dennis DJ, começou a carreira trabalhando numa rádio comunitária, em Duque de Caxias. Dedicado, o então morador da Baixada Fluminense, poucos anos depois, passou a gravar com MCs da Furacão 2000 e ganhou os primeiros contratos profissionais na década de 90.

— Desde que produzi o “Cerol na mão”, em 2000, percebi que o beat do funk era um caminho sem volta. Se perceber, de lá pra cá sempre teve pelo menos um funk estourado por ano — frisa.

Hoje premiado nacional e internacionalmente , ele está no top cinco dos artistas mais tocados nos aplicativos de música e faz parcerias com nomes de destaque no Brasil todo, em vários estilos.

— É importante Leonardo não desistir. Lá atrás, no início, passei por dificuldades também. Claro que nada comparado ao que ele viveu, mas pensei em largar tudo. Então, descobri que havia oportunidades como DJ produtor. E esse é um bom caminho para ele se dedicar — orienta Dennis.

Os fatos

  • A prisão

No dia 15 , Matheus Lessa, de 22 anos, foi morto após um assalto a um mercado em Guaratiba. Leonardo Nascimento, de 27, apontado pela mãe da vítima como autor do crime, foi preso.

  • Liberdade

A família de Leo entregou à polícia imagens que mostravam que, na hora do crime, ele estava em outro endereço. O injustiçado foi libertado após uma semana de detenção.

  • Sem rancor

Em liberdade, Leonardo encontrou a mãe da vítima e a consolou. “Sinto muito pela perda do seu filho”, disse.

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