Com mais de duas mil crianças atendidas em Mato Grosso do Sul, a AACC (Associação dos Amigos das Crianças com Câncer) comemora, nesta quinta-feira (29), 20 anos de existência prestando serviços gratuitos à crianças e adolescentes com câncer e suas respectivas famílias. A missão da entidade agora é instalar, no Hospital de Câncer Alfredo Abrão, o Centro de Tratamento Onco Hematológico, projeto que deve custar R$ 20 milhões, cabendo à AACC investimento entre R$ 2 a R$ 3 milhões.
Para a presidente fundadora, Miriam Comparin Correa, esse é desafio. "Vamos trabalhar para fazer a instalação do Centro de Tratamento Onco Hematológico, no Hospital de Câncer, que ficará no bloco novo do hospital. Esse é o nosso principal desafio e as crianças poderão estar nesse novo hospital realizando os tratamentos".
Miriam afirma ainda que todas as campanhas da AACC serão destinada para realização deste projeto. "O nosso projeto está pronto, custa mais de R$ 20 milhões, só que será dividido em parcerias. A parte que a AACC vai investir ficará entre dois a três milhões e o restante ficará por conta do governo e outras instituições".
A entidade também possui parceria semelhante com o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, no Cetohi (Centro de Tratamento Onco Hematológico Infantil), em Campo Grande.
Resultados a comemorar
De acordo com Miriam, a instituição também tem muito a comemorar nesses 20 anos com a redução de mortalidade infantil causada pelo câncer. "Nós precisamos comemorar esse resultado maravilho que alcançamos, o número de crianças curadas do câncer", conta.
"Antes, o percentual que a gente tinha, quando fundamos a AACC, era de 10% de casos curados, o que não significava quase nada. Mas hoje, o nosso índice é de 65% de crianças curadas. É um número para ser comemorado", diz a presidente, feliz.
Nesses 20 anos, mais de duas mil crianças passaram pela entidade. "Atualmente, nós estamos cuidando de 517 crianças que passaram ou estão em tratamento ou ainda manutenção, nesses últimos dois anos. Só que mais de duas mil crianças passaram para fazer diagnóstico ou tratamento".
As crianças ou adolescentes que vem de cidades do interior para fazer tratamento contra o câncer e não tem onde ficar acabam sendo abrigadas na Casa de Apoio. "Aqui é como se fosse a casa deles. As crianças, junto com seus familiares, chegam aqui já com o diagnóstico do hospital. Por lá, o serviço social entra em contato conosco e nos encaminha. E aqui, nós oferecemos todos os cuidados necessários para as crianças e adolescentes, junto com as suas famílias. Se é de fora, já ficam hospedadas aqui na Casa de Apoio e recebem toda a ajuda".
Casa de Apoio
A Casa de Apoio promove acolhida à criança/adolescente e um acompanhante do sexo feminino, com hospedagem de 60 leitos/dia e 5 refeições diárias. Faz a distribuição de cesta básica e cesta social às famílias. E também oferece transporte em Campo Grande a todos os locais necessários para o tratamento.
No local, crianças e adolescentes ainda podem fazer acompanhamento com psicólogos, nutricionista e fisioterapeuta. E por meio do Serviço Social investiga as necessidades dos usuários e suas famílias, esclarece a respeito do tratamento, funcionamento e rotinas hospitalares, contata prefeituras e conselhos tutelares, orienta e encaminha ao beneficio de prestação continuada-BPC, retirada de FGTS/PIS, encaminha para tratamento fora de domicilio-TFD, promove palestras sócio educativas, faz encaminhamento pós-óbito, visitas domiciliares, visita de luto e acompanhamento pós-óbito.
Além disso, organiza datas comemorativas como Páscoa, Dia das Mães, Dia das Crianças, Natal, aniversariantes, etc. Supervisiona estagiários de Serviço Social e acompanha voluntários e acadêmicos em ações na Casa de Apoio.
O local ainda desenvolve atividades lúdico-pedagógicas que garantem, na Classe Hospitalar em parceria com o Governo do Estado, a continuidade escolar; na brinquedoteca e adoloteca, atividades lúdicas coordenadas por um Terapeuta Ocupacional, que incluem arte terapia, passeio-terapia, musicalidade.
E o salão de beleza em conjunto com o serviço social e psicólogo - facilita a aceitação da perda dos cabelos no período da quimioterapia e para as mães, é um auxiliar da reconquista da autoestima.
Sede da AACC em Campo Grande. Foto: Reprodução / AACC.
Doação e Voluntariado
Miram explica que a entidade recebe qualquer tipo de doação. "Recebemos tudo, dinheiro, bens, serviço. Tudo aquilo que a pessoa tem em casa e que não sirva ou não usa, pode trazer aqui para a gente, que nós transformamos em dinheiro", relata.
"Nós temos dois bazares que funcionam todos os dias e para isso, a gente precisa de produtos para vender e os nossos bazares são a nossa fonte de renda. Às vezes, as pessoas têm uma camiseta ou vestido que não serve mais, doa pra gente, que damos um destino a eles".
Sobre o voluntariado, a presidente explica quem quiser pode entrar no site da AACC e pode ir no campo Seja Nosso Voluntário. "Vai lá, faz o cadastro, a nossa coordenadora vai entrar em contato. A pessoa faz a capacitação e logo depois nós os encaminhamos para os setores que precisam".
E sempre tem vagas. "O nosso voluntariado é muito cíclico, às vezes as pessoas vêm para fazer o serviço voluntário, e depois acaba saindo por algum motivo, ou vai embora, ou muda, e acaba sobrando a vaga".
Para quem quiser conhecer a AACC pode ir direto na Av. Ernesto Geisel, 3475, Orpheu Baís. E se tiver interesse em fazer doações podem também ligar no (67) 3322-8000. As lojas dos bazares funcionam todos os dias e quem quiser pode fazer uma visita ao local.