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11/04/2017 11:20

Agressão de Marcos a Emily faz leitoras do TopMídia abrirem o coração e contar casos de violência

Reação dela em se culpar abre debate e mostra que muitas ainda não se dão conta que companheiros são agressores

BBB é entretenimento, é diversão e é também quase que um retrato da vida real. E a expulsão do participante Marcos Harter, médico, cirurgião plástico, bonitão que conquistou a menininha Emily, ganhou contornos dramáticos, não só por sua eliminação do programa após ser acusado de agredir a namorada em rede nacional, mas também pela comoção que a situação toda causou.

Emily, ao ser avisada que o namorado tinha sido expulso do programa, desabou. Como a maioria das vítimas, ela se culpa pela situação e acredita que “ele não a faria mal”. Foi o suficiente para o “tribunal da internet” entrar em ação e dizer aquilo que a sociedade machista já está acostumada a falar.

“Ela mereceu” ou “Ela gosta” e também culpá-la por tudo que aconteceu. “Ela provocou” e “olha lá, está chorando por ele, arrumando as roupinhas dele”. Mas diferente do que pensamos, não é nada fácil desvencilhar-se de um agressor, ainda mais quando há uma relação de afetividade envolvida.

As histórias são parecidas. As dores, o começo, o desabafo. Algumas já se libertaram, outras tiveram que sumir no mundo, há ainda aquelas que, por morar do outro lado do mundo, aturam o companheiro e quem ainda não conseguiu separar, seja por medo ou por achar que ama.

Emily não teve como esconder a violência, já que o caso dela foi filmado e discutido nas redes sociais. Mas, a maioria não procura a polícia ainda porque tem o “medo de todo mundo ficar sabendo”.

Quando abrimos espaço no TopMídiaNews para falar sobre o assunto, a reportagem não esperava que as histórias chegassem de maneira tão variadas e tão fortes. E o tom de desabafo, parece causar alívio nas vítimas.

São várias histórias, contadas ao longo do dia, onde podemos ver que sim, muitas mulheres ainda não sabem como lidar com a violência que sofrem. Algumas, conheceram a dor ainda adolescentes, outras ainda vivem o relacionamento abusivo e há até quem precise falar, mesmo sendo homem, porque hoje vive longe de quem ama, por causa do machismo.

E como o machismo ainda mata, é preciso sim falar sobre o tema. Confira a primeira história.

“Quem mandou casar com gringo?”

“Estou até tremendo em falar disso porque é a primeira vez”, diz ela, que mora do outro lado do mundo, em um país da Europa. “Primeiro mundo né?”, ela ri nervosa. Com medo do marido chegar e ler as conversas, diz que vai falar rapidinho.

O medo também é do julgamento e de perder os filhos. “Quando a gente mora longe e tem filhos tudo é mais complicado, pessoas dizem que estou assim porque eu quero. Falam assim ‘ah, quem mandou casar com gringo’ e outras coisas que parecem tolas, mas não são”, conta.

Ninguém quer expor o nome, e as histórias são surreais, mas do outro lado do oceano, o ciúmes que no começo era “bonitinho”, se tornou uma violência psicológica diária. “Mas no começo era ciúmes que eu achava bonitinho, começou por confiscar meu telefone, depois não querer que eu convivesse com meus amigos, e com o tempo a gente tem esperança que ele vai melhorar, mas não, ele quebra meu telefone. Não posso conversar com homens, já pediu a senha do meu e-mail para fiscalizar, depois troquei, óbvio, não que eu tenha algo a esconder, mas acho que temos direito a um mundo só nosso também”, conta apontando o que aflige.

“Ele já quebrou meu notebook, vários celulares, inventa coisas como se eu tivesse vários amantes. Se eu saio e demoro um pouco, sim, se eu vou ao mercado e olho uma coisa ou outra, passo meu tempo, ele fica me ligando ou manda me ligarem, é um inferno”, diz.

Ela já sabe que o principal questionamento é que ela já poderia ter largado isso, mas o fato de ter duas filhas com ele a prende de uma maneira absurda. “Tudo isso já dura pelo menos quinze anos e aguento firme porque, pela lei local, se eu me separar, eu perco meu direito de moradia e, sem isso, eu tenho que ir embora sem minhas filhas e não deixaria elas por nada. Enquanto isso, eu espero o tempo passar. Quando elas tiverem 18 anos eu me liberto e faltam só oito anos para isso acontecer”, diz conformada. 

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