A quadrilha desarticulada pela PF (Polícia Federal) teria ido até a cracolândia, em São Paulo, em busca de pessoas para usar como laranjas nos bens da associação criminosa. Abusando do vício, a quadrilha usou os documentos pessoais dos usuários de drogas.
A desarticulação é consequência da Operação batizada como “All In”, deflagrada pela PF nesta manhã de terça-feira (28). A quadrilha seria especializada no tráfico nacional e até o momento, os policiais apreenderam seis aeronaves, mais de 30 veículos, imóveis, além de bloquear 68 contas de pessoas envolvidas. Ao todo, o valor de bens apreendidos já passa de R$ 7,5 milhões.
A quadrilha estava sendo investigada pela PF há cerca de um ano. Em Campo Grande, foram presas cinco pessoas, incluindo o 'chefão' do tráfico, suspeito de comandar toda quadrilha. Identificado como Gerson Palermo, de 59 anos, ele seria um velho conhecido da polícia, já que ele estaria envolvido há três décadas no comércio de entorpecentes.
Gerson foi preso na própria casa onde mora em Campo Grande, localizada no Jardim Leblon. Sua esposa, Silvana Melo Sanches, também foi conduzida para a delegacia. Além do 'casal do tráfico' a PF, também prendeu Milon Motta Júnior, Hugo Leandro Tognini, Osvaldo Inácio Barbosa e sua companheira, Kely Cristina de Souza. Todos teriam uma função na associação criminosa comandada com 'mãos de ferro' por Gerson.
Segundo o delegado José Antonio Franco da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), mesmo envolvendo várias pessoas em estados diferentes, Gerson, que residia em Campo Grande e em Londrina, comandava tudo sozinho. "Ele era o mentor de todo esquema, em outros estados ele tinha falsificadores, pilotos, todos eram seus funcionários", disse.
(Veículos apreendidos. Foto: André de Abreu)
Gerson já teria sido preso três vezes pela PF, uma delas foi depois dele estar envolvido no sequestro de uma aeronave em Foz do Iguaçu no Paraná, em 2000. Segundo o delegado da Polícia Federal, Cleo Mazzotti, apesar de não ter bens no próprio nome, Gerson levava uma vida de ostentação, com vários imóveis, veículos e viagens.
"Os envolvidos pegavam a droga de aeronave na Bolívia e depois o entorpecente era distribuído em outros veículos para a região sudeste do país. O entorpecente era de ótima qualidade, e possivelmente ele também era levado para outros países", disse Mazzotti.
Ainda conforme José, a quadrilha tinha ajuda de advogados que facilitavam a falsificação de documentos, incluindo de pessoas enfermas e até de viciados na cracolândia, em São Paulo.
"Alguns sabiam que o documento estava sendo usado de forma errada. Para ver o tamanho do estrago que essa quadrilha faz para a sociedade. Além de trazer a droga, viciar as pessoas, eles pegavam seus documentos para comprar bens em cima do vício que eles próprios ajudaram a construir", destacou.
Os envolvidos poderão responder por tráfico de drogas, associação ao tráfico, tráfico internacional, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, falsidade ideológica e falsificação de documento trabalhista.