As aldeias indígenas na região do município de Aquidauana, Anastácio e Miranda estão recebendo cestas básicas com alimentos impróprios para consumo e fora do prazo de validade. Inclusive, estão recebendo carne podre que “até os cachorros se recusam a comer”, conforme os próprios indígenas.
As aldeias de Taunay, Lagoinha, Bananal, Colônia Nova, Limão Verde e Aldeia Córrego Seco recebem cerca de 1,4 mil cestas básicas mensalmente da Sedhast (Secretária de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho).
A empresa que fornece as cestas básicas para as aldeias da região de Aquidauana é a Tavares & Soares LTDA, nome fantasia Farturão Alimentos. O contrato dela com a pasta foi renovado em agosto de 2016, e tem valor total de R$ 8,5 milhões, com vigência de um ano.
A equipe do jornal TopMídiaNews esteve nas aldeias e constatou as irregularidades no fornecimento dos alimentos aos indígenas. Nas diversas aldeias foram coletados reclamações sobre os alimentos.
A carne entregue na última cesta básica enviada em 3 de maio chegou já fora do prazo de validade. Os indígenas mostraram a reportagem a embalagem fechada, com a validade de 1º de maio, dois dias antes da entrega. A carne apresentou visual apodrecido, cheio de sebo. Ao abrir o pacote foi constatado o odor de podridão. “Nós tentamos ferver para tirar esse cheiro. Mas a carne é podre. Não serve para consumo. Demos para os cachorros, mas nem eles quiseram comer”, disseram. Devido a carne estragada entregue com frequência, foi solicitado para que trocassem a carne por sardinhas em lata, como uma forma de contornar o problema.
Em algumas das cestas básicas entregues, o arroz entregue continha carunchos e corós, conforme o vídeo realizado pelos moradores da aldeia, registrando o produto. “Não é porque o tem de graça para nós que temos que comer arroz com bicho. Quando compramos no mercado não vem nesse estado. Temos direito a dignidade”, reclamou um dos indígenas que preferiu não se identificar. Veja vídeo com a mercadoria:
O feijão entregue também apresentou má qualidade. Apesar de estar dentro do prazo de validade, os grãos do feijão carioquinha apresentam coloração totalmente pretejado, inclusive interno. “Nós cozinhamos o feijão e ele nunca fica mole. Aqui cozinhamos no fogão a lenha. Não conseguimos comer“, disse um dos que receberam a cesta. O macarrão entregue também estava estragado.
Recentemente, um carregamento de feijão destinado aos aldeias indígenas entregue pela fornecedora dos alimentos teve que ser devolvido pelos servidores do da Sedhast em Aquidauana por estar com a validade vencida.
Os indígenas contaram que estão recebendo os produtos vencidos e com má qualidade em todas as entregues de cesta básicas, mensalmente entregues no período de cerca de um ano. Todo mês os servidores responsáveis pela entrega, abrem algumas cesta básicas como amostragem e fotografam os alimentos estragados e vencidos. “A secretaria diz que não podemos jogar fora. Mas também não podemos comer algo estragado”, reclamaram.